“Chapter Two: Lupus in Fabula”
Como já deves ter reparado, eu sou uma pessoa que gosta de dar atenção aos pormenores. Logo, ao analisar este segundo episódio, não me foi indiferente o momento em que vimos um bispo conservador da Igreja Católica a visualizar uma pessoa possuída por um demónio através de um vídeo gravado por um tablet. É lógico que este momento é fruto da evolução dos tempos, tal como o momento em que o bispo sugeriu ao padre Tomás que este aconselhasse a mãe de Cassey a leva-la a um psiquiatra ao invés de um exorcista – parece-me inovador.
Neste segundo episódio tivemos uma apresentação mais aprofundada da personagem, Marcus. Ao encontro daquilo que foi-nos sugerido no primeiro episódio, Marcus, é um crente convicto da palavra de Deus. O que é muito diferente de ser um crente da religião católica. Marcus, descredibiliza os textos bíblicos e alega que os mesmos são apenas “palavras escritas por homens” e não por Deus. Este atrito doutrinário leva-o às práticas de exorcismo e à procura constante da palavra do divino – esta procura, a meu ver, parece-me algo obsessiva. É relevante o facto de a sua infância ter sido passada numa Igreja com práticas regulares de exorcismo, onde os padres responsáveis ensinavam aos seus aprendizes as técnicas fundamentais para o ato. O contacto, desde cedo, com pessoas possuídas levou a que Marcus determinasse qual a sua função no mundo: libertar as almas possuídas por demónios e enaltecer a palavra de Deus perante estas.
No episódio anterior, surgiu durante uma conversa entre o padre Tomás e a sua irmã o nome de Jéssica. Mas afinal quem é esta Jéssica? Pois bem, Jéssica é a razão da incerteza em Tomás. É notório que a devoção de Tomás é assombrada pelo amor que este tem por Jéssica, apesar de o mesmo negar convictamente tal facto. Marcus na conversa que teve com Tomás na casa deste, referiu as consequências desta incerteza: “enquanto não te livrares desse amor por Jéssica nunca estarás preparado para receber a luz de Deus”. Dado que Tomás entendeu o pedido da família Rance e o aparecimento de Marcus nos seus sonhos como uma missão delegada por Deus, existe, neste momento, um impasse na “cabeça” dele.
No primeiro episódio surgiu um pormenor relacionado com a hipotética existência de uma realidade paralela constituída por seres que defendem o “bem” e outros que alimentam o “mal”. Neste episódio ficou nítido que Cassey é acompanhada por uma voz do mal. A personagem com quem Cassey troca um olhar durante o seu jogo de Lacrosse e que mais tarde a reconforta no alpendre da sua casa, é ,sem sombra de dúvidas, o representante do “mal”- é de salientar que enquanto Cassey reconfortava-se no ombro desta personagem desconhecida, o seu pai observava-a pela janela, o que me leva a crer que o pai de Cassey pode ter aqui um papel importante, sendo ele, talvez, o representante do “bem” dentro desta lógica. É uma personagem que só Cassey consegue ver. Um pouco à semelhança daquela personagem que abordou Tomás antes de este encontrar-se com Marcus pela primeira vez.
A curiosa onde de assassinatos nas antevéspera da visita do Papa à cidade, na minha opinião, vem fundamentar a ideia de que os demónios agem com um propósito concreto. A forma como eles se apoderam do corpo das pessoas, é progressiva. Os demónios apoderam-se dos corpos, manipulam-nos e só depois é que os destroem, caso seja necessário.
Avizinha-se, creio eu, um atentado “demoníaco” à cidade de Chicago.