“The Day Will Come When You Won’t Be”
O prometido foi cumprido. A sétima temporada de The Walking Dead teve um começo chocante. Mas mais que isso, este episódio mostrou que os produtores ganharam coragem para seguirem mais de perto os eventos da BD, fazendo com que a história de Rick e companhia seja contada como deve ser.
Pensei que assim que o episódio abrisse veríamos quem tinha sido vitima da Lucile. Isso não aconteceu e com o decorrer dos primeiros minutos, o trauma que ganhei na temporada anterior veio ao de cima. “Será que eles vão aguentar a revelação até ao segundo episódio?”, pensava eu. O trauma ia crescendo até que vemos quem caiu por terra. Mas já lá vamos. Olha eu a fazer o mesmo que esta série fez o ano passado. #shameonme
Tenho de admitir (agora, depois de ver todo o episódio) que o começo foi magistral. Todo o foco esteve em Rick, mais do que tudo esta é a história de Rick. Sempre foi. Tudo o que está a acontecer é por culpa do Rick e todas as consequências que daí advém, têm o propósito de marcar e mudar o Rick. Claro que as repercussões irão espalhar-se por todas as personagens mas o Rick é a espinha dorsal da série. Pelo que fez todo o sentido a abertura ter sido focada nele. E foi aterrorizador a forma como o Negan quebrou o Rick num ser submisso e obediente. Ver toda essa carga dramática caída sobre o Rick e a mudança psicológica drástica que ele sofreu foi bastante compensador. O Rick vinha a ser desenvolvido como um vilão, com morais distorcidos. Foi bom vê-lo regressar ao que era antes. Não estou a dizer que ele era submisso, nunca o foi, mas tentava sempre fugir do problemas e não criá-los. Pode ser que agora ele tenha como prioridade a sua “família” e não o domínio de território. Ele vai vingar-se, isso é óbvio, mas será feito de cabeça fria e bem pensado.
Maggie, I will find you.
Foi interessante o paralelismo que a acção fez com o estado de psicose em que estava o Rick. Nós, espectadores, fomos descobrindo as coisas há medida que o Rick recuperava a sua lucidez. E foram cenas fortes, como tinham de ser. Há muito que se especulava que seriam duas vitimas, o Abraham e o Glenn. Nunca liguei muito a isso porque estava de pé atrás depois da última temporada. Queria muito que o Glenn morresse, a séria precisava de um momento marcante como esse, mas não sabia se os produtores iam ter coragem. Por isso mesmo fiquei desiludido quando o Negan escolheu o Abraham. O Abraham não tem a mesma importância, nem o mesmo peso dramático que o Glenn. Mas ei, sempre é melhor ser ele do que o Aaron. Era só isso que pensava. Mas depois…
Depois tudo escalou para um patamar tão violento que me impressionou, como há muito esta série não me impressionava. E há tanto naquela cena que as repercussões irão sentir-se durante toda a temporada. Negan escolheu a sua vitima, o Abraham. Mais ninguém tinha de morrer. Mas claro que o Daryl não consegue estar quieto e as consequências foram doentias. O Glenn só morreu por culpa do Daryl, porque o Daryl não conseguiu estar quieto. Não era a vez do Glenn morrer, mas a decisão do Daryl marcou o seu fim. Isso foi a maior lição que o Negan podia dar ao grupo. E o Glenn morreu como ninguém tem de morrer. Foi triste, foi sádico e não preciso de descrever a cena porque é algo que tu nunca irás esquecer.
Mas claro que era preciso mais para o Rick entender. Assim que vi o machado pensei logo que o Rick ia perder a mão, para a série ficar mais fiel à BD, mas tudo culminou numa cena que não estava à espera. Ser obrigado a escolher entre a vida de dezenas de pessoas ou cortar o braço do seu filho levou o Rick ao expoente máximo do seu limite emocional. Foi aí que foi quebrado numa interpretação assombrosa por parte de Andrew Lincoln. E é impressionante a mudança. Quando o Negan e os seu homens vão embora vemos um novo Rick, um Rick com os pés no chão e com noção do seu lugar no Mundo.
Veremos como esta onda emocional irá afectar as restantes personagens. The Walking Dead deu uma volta de 180 graus e mostrou porque é uma das séries mais populares da actualidade. As expectativas voltaram a estar lá em cima e só espero que tenham aprendido a lição com o desastre da última temporada.