Não gosto da criação de personagens em RPGs. Pelo que sei, existem milhares de pessoas que adoram esta opção, e eu não odeio pelo tempo demasiado que demora, mas sim mais pela complexidade e demasiada aproximação real da coisa. Eu apenas vou aqui expor a minha ótica desta funcionalidade, vocês claro têm a vossa.
Talvez o maior problema, para mim, é que não me identifico como personagem, ou alguém que queira ver estampado por horas a fio. Cada vez que me enfio em jogos desta natureza, o resultado nunca é satisfatório para mim. Ou são os olhos, ou o cabelo, ou os lábios… Realmente acho que nunca fiz uma caricatura de mim, ou criei alguém como um todo que gostasse. Também, muito sinceramente, cada vez que vou ao cabeleireiro e olho para o catálogo de penteados, como um todo, não encontro um que realmente goste, apenas bocados aqui e acolá, acreditem, já tentei vários. É natural que, com todos estes entraves, tenha uma certa dificuldade também em criar uma personagem.
Não percebo a ideia de criar uma personagem, hedionda, a brincar, ou baseada em alguém que existe na realidade: o que pretendem com isto?
Já pensei… será pelas diversas inúmeras opções que temos nas criações de personagens hoje em dia? Lembro-me da simplicidade de jogos como Ragnarok Online ou Phantasy Star Online. Era só escolher sexo, modelos de cara pré-estabelecidos, roupas, cabelo, nome, e já estava. Hoje em dia temos tantas opções, como a cor dos olhos, formato das sobrancelhas ou do queixo, que acabamos por ter de revisitar inúmeros quadros, para no final, novamente chegar à conclusão que criei alguém demasiado realista, uma pessoa vulgar e corrente que podia encontrar na rua, e que penso que não se enquadra bem num jogo de fantasia. Fico muito agradado quando encontro um capacete que cobre a cara toda (como foi o caso de Dark Souls), tornando-se imediatamente na minha escolha.
Em Witcher III: Wild Hunt, adorei o fato de controlarmos alguém já ”construído”, e que achei interessante, sem perder tempo com menus e criar alguém que à partida acharia pouco ou nada apelativo/a.
Outro dos problemas que encontro em RPGs com criação de personagens, é que as interações com as restantes personagens e ambientes não são pré-estabelecidas. Isto contribui para que as mesmas sejam muito vazias, e que, muitas vezes, a história seja reduzida a uma aventura samaritana.
Também dar o meu nome, ou outro nome a uma personagem, que já tem um nome próprio, por exemplo o Yu Narukami de Persona 4 é também algo que não gosto, e acho bem estranho.
Existem pessoas que perdem horas a criar uma personagem. Eu pessoalmente gosto de alguém que já tenha um nome que possa identificar, que não tente criar por parecer alguém, que faça new game e comece a jogar imediatamente.
Saltando agora de género e entrando no mundo de Metal Gear Solid V: The Phantom Pain. Detestei o incessante, e por vezes exagerado, desenvolvimento da Motherbase. Perdi horas a fio, comparando minuciosamente os diversos membros da minha equipa de soldados, e no final de cada missão tinha voltar de novo a ligar o meu iDroid, porque o senhor Miller recrutou Soldados de nível E a B, quando só procuro soldados A++ ou superior. Eu sei o senhor é cego, mas é algo que achei extremamente irritante e repetitivo. Ainda em Metal Gear Solid V, porque precisamos de uma segunda Motherbase? Para espancar mais soldados? Que basicamente é isso que fazemos lá, e que realmente é uma pena, chegando ao ridículo do Big Boss nem ter uma opção de saudação para as suas tropas.
Recentemente, com Tales of Zestiria, voltei a sentir o mesmo. Neste jogo, o nosso desenvolvimento de personagens passa, na sua maioria, pelo nosso equipamento e fusões. O tempo que perco em menus a testar e a fundir equipamento é tanto ou mais do que tenho jogado. Acredito que esta seja uma das falhas do jogo, por ser muito complexa e desnecessária.
Para finalizar, volto a referir que esta é a minha visão das coisas. Muitos de vocês leitores certamente discordaram das minhas ideias, mas peço apenas que as respeitem. Não escrevi este artigo para criar inimigos, simplesmente esta é a minha zona de conforto. A conclusão a que chego é que gosto mais de ser o realizador do que ser o protagonista, e prefiro entrar em ambientes mais clássicos e com mecânicas que podem ser complexas, mas sem recorrer a constante repetição.
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