Na discussão do episódio passado, disse que tinha sido agradável chegar a um ponto na série em que já não estavam a ser introduzidos novos fenómenos fantásticos ou paranormais, em que já sabíamos todas as loucuras que se estavam a passar neste mundo apocalíptico e que podíamos, portanto, concentrar-nos no seguimento da história. Este episódio destruiu toda essa estrutura. Aftermath continua a enfiar mais e mais ocorrências fantasiosas e criaturas estranhas, à força, numa história na qual estas se tornam desnecessárias, excessivas, e acabam por tirar a piada ao enredo. Sinto que já não cabe mais nada de esquisito nesta história, e que estes novos elementos já não estão a funcionar.
Foram dois os novos elementos: a banshee, e a planta carnívora. Não sei qual delas foi a menos credível ou teve os piores efeitos especiais. Quando Karen começou a ouvir a canção esganiçada da banshee (fada maligna da mitologia celta, consideradas mensageiras da morte), pensei que estivesse a ter um sintoma neurológico da doença que está a atacar a população americana. Mas claro, Brianna adivinha imediatamente que é a canção de uma banshee, e que isto quer dizer que um membro da família vai morrer. Ficamos logo a saber que só podia ser a Sally, que era o único membro “dispensável” da família. Era óbvio desde o início do episódio que o Quantrell não podia durar muito tempo… O aspecto da banshee foi muito inesperado. É basicamente uma rapariga bonita de vestido branco, como um anjo sem asas. Ao que parece, todo o tipo de mulheres bonitas supernaturais estão à solta no mundo de Aftermath!
A planta carnívora foi simplesmente horrível, tinha um aspecto muito falso e não adicionou em nada ao interesse da história. Claro, como sempre, o Josh sabe imediatamente o nome da planta – Jubokko – e a sua origem – a mitologia japonesa. Isso é um aspecto que me desagrada muito na série: o Josh, e por vezes também a Dana, sabem sempre tudo, como se apenas existisse um mito sobre plantas carnívoras em todas as diversas mitologias humanas. De facto, a árvore Jubokko é um verdadeiro mito japonês, mas uma pesquisa rápida revela outras famosas árvores carnívoras, a mais famosa das quais será a da tribo Mkobo no Madagáscar.
Enfim, para além destes desagradáveis pormenores, houve três desenvolvimentos principais na história: Martin, os doentes possuídos, e a personagem de Lamar Boone. Ah, e a morte da Sally, mas sejamos sinceros, a quem é que isso pode afectar?
O Lamar Boone, ou Booner, parece-me uma personagem interessante. Tem estado a preparar-se para o fim do mundo há muito tempo, e sente-se triunfante agora que as suas predições se tornaram realidade. É ligeiramente desequilibrado, mas é um estratega brilhante, e um sobrevivente nato. Tem uma paixoneta enorme pela Karen (cujo apelido na tropa era horrivelmente sexista e me faz sentir desconfortável) e esfrega a proximidade de companheiros de armas de ambos na cara do Josh, porque gosta de o ver a sentir-se desconfortável. Gosto do Booner!
Não me pareceu que os doentes possuídos fossem assim tão chocantes. De que maneira é que isso é imprevisível? Porque é que estes espíritos malignos, que têm poder suficiente para possuir e controlar pessoas fortes e saudáveis, não iriam poder possuir pessoas fracas e vulneráveis? A única questão é: porque é que eles quereriam fazê-lo? A única resposta que consigo encontrar é que os espíritos (“skin walkers”) desejam usar os doentes para infectar o máximo número de humanos possível, matando-os. Pelo que vimos quando o enorme grupo de doentes que planeava tomar o forte de Booner (o Álamo!) de assalto foram rebentados pelas minas ocultas, estes espíritos são uma verdadeira praga!
Por fim, o Martin. Como a Brianna tem um interesse amoroso, a Dana também tem que ter um. Quanto tempo até arranjarem uma namorada para o Matt? A relação entre o Martin e a Dana parece ainda mais forçada e constrangedora do que a da Bri e do Devyn. Ligeiro ponto de interesse: ambas escolhem rapazes que demonstram o seu nível de maturidade (a Bri com um rapaz mais novo, a Dana com um mais velho), mas que são o oposto de si mesmas em termos de filosofias de vida (o Devyn é um pacifista como a Dana, o Martin um louco por armas, como a Bri, que, pelo que ouvimos hoje, adora matar).
E é isso. Este episódio deixou-me um pouco desapontada e fez-me revirar os olhos algumas vezes. Ainda não perdi o interesse na série, e ainda estou à espera de ver o que irá acontecer aos Copeland – e, claro, fico à espera de voltar a ver o dragão Quetzacoatl!