The Hunger Games: A Revolta - Parte 2
The Hunger Games: Mockingjay - Part 2
Ação, Aventura
M/12
19 de Novembro de 2015
EUA | 2015
137 min
Com a nação de Panem numa guerra em grande escala, Katniss confronta o Presidente Snow, na batalha final. Unida a um grupo de amigos mais próximos, incluindo Gale, Finnick e Peeta, Katniss sai numa missão com a unidade do Distrito 13, arriscando as suas vidas para encenar um atentado para assassinar o Presidente Snow, que se tornou cada vez mais obcecado em destruí-la. As armadilhas, inimigos e escolhas mortais que esperam por Katniss, irão desafiá-la mais do que qualquer área que ela enfrentou em The Hunger Games.
Francis Lawrence
Peter Craig, Danny Strong
Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Donald Sutherland, Julianne Moore, Woody Harrelson, Elizabeth Banks, Stanley Tucci, Phillip Seymour Hoffman
A primeira coisa que quero dizer é que de facto gostei muito de todos os outros filmes de Hunger Games.
Nunca fui um über-fan – simplesmente porque eu não sou o público alvo dos filmes – mas sempre me diverti muito a vê-los e achei que estavam muito bem feitos.
Tinham personagens interessantes, excelentes sequências de acção, um ritmo narrativo muito bem construído com óptimos crescendos de tensão e resoluções satisfatórias, um worldbuilding muito detalhado e específico, cheio de moralidades cinzentas e metáforas para corrupção política e manipulação propagandista dos media.
Notem que estou a falar no tempo passado.
Vamos começar pelos aspectos positivos.
À semelhança dos filmes anteriores, este consegue manter a temática da corrupção política e da manipulação dos media.
Continua a ser interessante ver como o filme expõe um mundo onde aquilo que as pessoas vêem nos ecrãs é tão mais importante do que o que acontece na realidade. A maneira como as duas facções em conflito, o Capitólio e os Rebeldes, usam a propaganda para manipular as opiniões públicas é muito interessante de se ver, e não é algo que costuma ser explorado neste tipo de filmes.
A realização é boa e, sobretudo numa sequência específica passada nos esgotos, demonstra que é capaz de criar acção e tensão tão bem como nos filmes anteriores.
A direcção de arte continua excelente. Todos os uniformes parecem práticos mas únicos ao mundo, toda a arquitectura do capitólio reflecte o estilo de vida opulento, com uma estética romanizada, que ajudam à imersão neste mundo de fantasia.
Sejamos francos, Jennifer Lawrence, que faz a personagem principal Katniss Everdeen, está bem em tudo o que faz. Volta a ser um gosto vê-la interpretar, e com este filme ela só prova que consegue tornar entusiasmante qualquer personagem que lhe dêem.
Donald Sutherland (President Snow) também está particularmente bem, apesar do pouco tempo de ecrã que tem, e vende de forma extremamente suave o vilão manipulador sem misericórdia.
Infelizmente estes pontos positivos não são suficientes para salvar o filme de si mesmo.
Por onde começar…
A escrita do filme é preguiçosa. Não há outra maneira de a descrever.
Não, peço desculpa, há sim. A escrita do filme é má!
O ritmo do filme está completamente desorganizado. Não há picos e vales de tensão e resolução, a narrativa avança aos solavancos com as coisas a acontecerem só porque sim, e porque dão jeito para a história avançar.
Senti-me aborrecido a maior parte do tempo.
Há uma data de elementos introduzidos na história que depois são completamente esquecidos, ou postos de lado como se nada fossem.
Fazem um grande alarido porque há armadilhas escondidas na cidade, um dos aspectos mais criativos dos filmes anteriores, mas depois só encontram duas, e isso nunca mais se torna um problema.
Fazem imensa exposição acerca de um mapa holográfico que é importantíssimo, porque tem a localização das armadilhas e não pode cair nas mãos dos inimigos. Depois a meio do filme o mapa holográfico é descartado sem drama nenhum, e mesmo depois de o perderem não parecem haver nenhumas consequências por causa disso.
Constroem imenso drama e tensão acerca de o Peeta (Josh Hutcherson) ter sofrido uma lavagem cerebral no filme anterior e condicionado a querer matar a Katniss, mas depois a meio do filme isso quase que deixa de ser um problema e nunca tem uma resolução explícita.
Há vários erros de continuidade importantes, e aspectos narrativos que aparecem do nada, sem nenhum tipo de explicação para o porquê de estarem lá, simplesmente para tentarem forçar tensão – estou a olhar para ti Primrose, como é que subitamente estás na frente de batalha?
A determinada altura são introduzidos inimigos novos no filme, mas não há nenhuma explicação de o que é que são, de onde é que vêm, porque é que existem, e depois voltam a desaparecer tão inconsequentemente como apareceram.
As personagens secundárias são completamente invisíveis e unidimensionais. Estão lá só para morrerem nas armadilhas, raramente sequer percebemos quem é que está a morrer nas armadilhas, e as suas mortes em vez de serem momentos dramáticos, parece que fazem parte do cenário.
Personagens que antes tinham demonstrado serem interessantes, e de quem eu queria ver mais, como a Effie (Elizabeth Banks), o Haymitch (Woody Harrelson), ou até o Caesar Flickerman (Stanley Tucci), são reduzidas a duas ou três falas só para não nos esquecermos que existem.
Todos os outros actores estão lá só a respirar, e as suas interpretações são completamente neutras.
A personagem principal, Katniss, não faz nada durante o filme inteiro. Depois de ter sido construída como uma grande heroína nos filmes anteriores, uma personagem capaz de fazer acontecer coisas, de tomar decisões contra tudo e todos e mudar sozinha o curso da história, neste filme ela simplesmente não toma decisões quase nenhumas e as poucas que toma não têm consequências importantes.
Simplesmente faz o que lhe mandam, e quando sai do caminho por onde era mandada, isso acaba por não ter resultado nenhum no decurso normal da história.
Até mesmo a decisão dela no fim do filme (que discutivelmente poderia ser considerada como tendo consequências) é absolutamente previsível, e dá a sensação de não ter sido uma escolha mas sim uma ausência de opções.
A história em si é desinteressante. Depois do Parte 1 esperávamos uma grande resolução, com grandes revelações, grandes momentos dramáticos cheios de tensão, mas ficamos severamente desiludidos. O filme tem pouquíssimo conteúdo. Simplesmente não acontecem coisas suficientes durante o filme para o tornar interessante. São só as personagens a irem do ponto A para o ponto B a maior parte do tempo.
A trama política é resolvida da maneira mais previsível de sempre, como disse, com as personagens em conflito o President Snow e a President Alma Coin (Julianne Moore) a serem diminuídas a vilões de preto e branco, acerca dos quais não há nenhuma dúvida sobre o que lhes vai acontecer no fim.
A tensão do triângulo amoroso entre Katniss, Peeta e Gale (Liam Hemsworth) é forçada, e é resolvida em plano de fundo, sem nenhuma catarse emocional envolvida.
O fim do filme é só desnecessariamente lamechas.
Fico com a impressão que ao dividirem a história do último filme para poderem fazer duas partes, enganaram-se e deixaram pouco conteúdo para a Parte 2. O filme arrasta-se dolorosamente durante duas horas, sem nada de interessante para mostrar.
O que é uma pena, porque os filmes anteriores eram muito bons, e mereciam um final muito mais climático e satisfatório.
Quanto muito este filme devia ter tido erros por excesso. Se tivesse falhado por tentar ser demasiado épico, ou tentar meter demasiado drama, ou demasiada acção, eu ter-lhe-ia dado uma pontuação melhor, e tinha saído do cinema mais satisfeito.
Da maneira como está, é só um fim muito fraquinho, insatisfatório, que demonstra que o estúdio estava a contar com o entusiasmo dos fãs para ganhar dinheiro, e não se deu ao trabalho de sequer tentar escrever um bom filme.
O que é que esperavam do final de Hunger Games?
A Jennifer Lawrence
A temática da política e manipulação dos média
O mundo detalhado
Escrita preguiçosa
Ritmo aborrecido
Final anti-climático
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Pedro Miguel Antunes
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http://pataniscassatanicas.blogspot.pt/ Gui Santos
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