The Walking Dead
The Walking Dead
Drama, Horror, Thriller
M/16
12 de Outubro de 2015
EUA | 2015
44 min
6
AMC | FOX
O xerife Rick Grimes lidera um grupo de sobreviventes num mundo invadido por mortos vivos. Combatendo os mortos, temendo os vivos.
Frank Darabont
Andrew Lincoln, Norman Reedus, Steven Yeun, Melissa McBride, Lauren Cohan, Danai Gurira
Quero começar esta crítica por ir directo ao assunto. Esta temporada poderia ter sido a melhor de The Walking Dead até hoje, mas sofre de decisões escandalosas em termos de ritmo narrativo, o que faz afundar a temporada para uma das piores da série, infelizmente. Estou bastante inconformado. É difícil assistir a pedaços geniais de televisão que depois são sucedidos por desastres narrativos. A sexta temporada fica pautada e será para sempre lembrada como a temporada em que The Walkinh Dead cagou completamente nos fãs.
A temporada começou bastante forte e seguiu as pisadas da excelente 5ª temporada. Um episódio de abertura bombástico deu o tom à temporada. A luta pela sobrevivência foi o foco deste ano, bem como a transformação das personagens. Podemos dividir a temporada em dois pólos. Sobrevivência e desenvolvimento de personagens. E nos dois pólos recebemos momentos deliciosos de escrita. Rick tornou-se o líder que sempre esteve destinado a ser mas o peso da responsabilidade acordou um lado mais psicótico, que já tinha mostrado algumas piscadelas na temporada anterior, mas que este ano se soltou completamente. A inversão de Rick de o bom escuteiro para vilão foi brilhante. E ao mesmo tempo que Rick se torna no vilão que sempre combateu, o grupo reflecte essa personalidade e ficamos perante um bando de assassinos. É bastante interessante essa evolução do estado humano. Pessoas completamente inocentes transformam-se em monstros para sobreviver num mundo sem ordem. Mas não será essa atitude assassina que coloca o mundo sem ordem? E um bom tema de discussão.
O facto é que toda esta mudança interna nas personagens reflecte-se no mundo de The Walking Dead. Os walkers passam a ser decoração de cenário porque a grande ameaça são os próprios humanos. Rick crescia para ser um vilão temido e impunha a sua vontade junto de outras comunidades, mas quando se sentia o dono de tudo foi posto no seu lugar, de joelhos, reduzido a nada, perante a figura imponente de Negan. E que entrada triunfante de Negan. A aura de mistério sobe o Negan alimentou praticamente toda a segunda parte da temporada. A incerteza perante a sua identidade e a confiança com que Rick se encontrava funcionaram como opostos da mesma moeda. À medida que a ameaça de Negan (que nunca deu a cara) crescia a confiança de Rick diminuía. Esta dança entre os dois culminou no terror estampado nos olhos de Rick quando finalmente conheceu Negan. Negan chegou com um monólogo que fez gelar as veias de quem tivesse a assistir e promete bastante para a próxima temporada.
Ao lado do protagonismo de Rick tivemos também Carol que teve uma jornada inversa. Carol era esposa, mãe, mulher de família, era protegida mas teve de se tornar numa máquina de matar para conseguir sobreviver ao mundo apocalíptico. Toda essa fachada caiu e os conflitos internos intensificaram-se. Carol deixou de conseguir viver consigo mesma e foi bastante interessante assistir a um desenvolvimento inverso a todas as outras personagens. O relacionamento entre a espiral depressiva de Carol e o optimismo de Morgan promete bons momentos para o futuro.
No entanto todos os grandes momentos desta temporada, e houve muitos, ficaram manchados pelo desrespeito mostrado para com os fãs. A série consegue construir arcos complexos de desenvolvimento de personagens e de tensão mas depois resolve tudo com finais vazios. Ao longo da temporada foram várias as situações em que foram sendo construídas expectativas que culminaram num enorme Fuck You! Todo o trabalho excelente de mistério, tensão e expectativa que a temporada desenvolveu revelaram-se como um grande e longo percurso de gozo para com o espectador.
Não ter coragem de mostrar tudo e esconder para mais tarde é uma receita que está a cair de podre e não é bom para nada. A internet não vai discutir, apenas lançar chamas de ódio, o fã não ficar com hype, apenas a sentir-se enganado, e a narrativa não anda para a frente, mas sim retrocede. A AMC precisa de entender que criar mistério anda de mãos dadas com cenas de desfecho. Não se pode criar mistério em cima de mistério, sem dar uma espécie de desfecho. Esta atitude cobarde fez cair a pique uma temporada que foi pincelada com momentos geniais e que ficarão na memória dos fãs. Só faltou não ter medo de entregar alguma coisa.
Com uma história aliciante, personagens ricas, questões pertinentes e uma base de fãs gigante, The Walking Dead podia ser muito mais do que é, mas decisões retrogradas fizeram a série andar de marcha atrás.
Gostaste da temporada?
O desenvolvimento de personagens
A construção do mistério e da tensão
A introdução de comunidades na história
Não saber dar um desfecho às cenas e tratar o espectador com desrespeito