Crítica | O Estagiário

Não vi qualquer tipo de trailer e apenas li uma frase de duas linhas sobre O Estagiário antes de o ver no cinema. Fiquei com a ideia de que seria mais uma comédia romântica, que apesar da sua piada, se iria tornar monótona e repetitiva no seu próprio modelo, como tantos outros (Oh Não! Outro Filme de Adolescentes). Enganei-me. Profundamente. O Estagiário é uma comédia bastante bem conseguida, pois o humor é simples, as personagens são cativantes e a história é apelativa. No meio de tanta comédia o filme passa mensagens subliminares para os mais atentos e mostra-nos o choque de gerações que podemos presenciar no dia-a-dia da vida real.

Num lado temos um cidadão sénior, com 70 anos, habituado ao cavalheirismo puro e duro e que gosta de fazer tudo à moda antiga: despertadores clássicos, fato e gravata, lenço tradicional, pasta com uma calculadora, uma agenda e estojo para canetas, etc. No outro lado temos a nova geração: smartphones, redes sociais, pouco cavalheirismo, com frases e expressões difíceis de decifrar pelo nosso protagonista Ben Withakker, muito bem personificado por Robert De Niro.

Uma das mensagens acaba por ser o foco inicial do filme: a reforma. Somos alertados de como é importante a vida após a reforma, de como é importante tratar cuidadosamente dessa fase da vida, caso contrário poderá levar ao desconforto e desorientação. A outra mensagem que fica claramente presente no filme, é a diferença de como é visto o sucesso de uma mulher no mundo do trabalho nos dias de hoje, quando comparado com os tempos a que Ben estava habituado.

Confrontado com a reforma e tentando de tudo para se manter ocupado, Ben Withakker, aproveita uma experiência social para se integrar numa empresa de venda de roupa online. Jules Ostin, interpretada por Anne Hathaway, é a sua mentora e dona da empresa About The Fit, que não gosta muito da ideia de ter um “novo” estagiário com a idade de Ben que, por sua vez, fará tudo para que a nova patroa mude de opinião sobre ele.

O filme deixa-nos animados, conseguimos rir em quase todos os momentos do filme sem nunca nos desfocar da história principal. O facto de não haver uma “tensão” romântica ou amorosa entre os personagens principais, contrariamente ao habitual no género, faz com que o mesmo seja diferente, leve e refrescante em todos os sentidos. A química apresentada entre os dois actores principais transborda a olhos vistos e não acredito que pudesse ter sido escolhida uma combinação melhor para dar vida a estas personagens.

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