Metro 2033
Метро 2033
Ficção científica, Pós-apocalíptico, Aventura
Fevereiro de 2011
Rússia | 2005
Edições ASA
Estamos no ano 2033. O mundo foi reduzido a escombros. A humanidade foi quase extinta. Mas alguns milhares de pessoas sobreviveram, sem saberem, no entanto, se serão os únicos habitantes da Terra. Vivem no Metro de Moscovo, o maior abrigo contra ataques aéreos no planeta. É o último refúgio da humanidade. É um mundo sem amanhã, sem espaço para sonhos, planos ou esperanças. Aí o sentimento deu lugar ao instinto - e o mais importante é a sobrevivência. A qualquer preço.
VDNKh é uma estação habitada, que se situa na extremidade norte da linha e ainda é considerada segura. Mas há uma nova e terrível ameaça. Artyom, um jovem que vive nessa estação, é incumbido de penetrar no coração do Metro e de viajar até à lendária estação conhecida por Pólis. O objectivo é alertar todos os habitantes do Metro para o perigo que se avizinha e, assim, obter apoios para a defesa da VDNKh. O futuro da sua estação está agora nas mãos de Artyom, tal como o futuro do Metro e da humanidade.
Metro 2033 foi um êxito esmagador em toda a Europa, revelando um mundo claustrofóbico onde falta a esperança e o desespero domina.
Dmitry Glukhovsky
Há algo que me fascina na literatura dos países da antiga URSS. Não que tenha lido muitos, já que não são particularmente fáceis de encontrar além dos óbvios como o Guerra e Paz ou o Anna Karenina. Um dos poucos livros aos quais tive acesso foi uma tradução em inglês do livro de hoje, Metro 2033.
Para aqueles que viveram debaixo de uma rocha, Metro 2033 e Metro 2034 foram os livros do autor russo Dmitry Glukhovsky que inspiraram os jogos Metro 2033 e Metro Last Light que, tal como a maioria das coisas vindas de países eslavos, têm uma estética muito única. E é essa estética que me atrai a estes livros. São uma visão que reflecte tanto a frieza de povos tão arrasados pelo clima extremo, como por guerras, e pela própria URSS. Tal como muita arte, esta estética é um produto da sua cultura e o reflexo negro das pessoas, principalmente quando se fala de um livro pós-apocalíptico.
Depois de uma guerra atómica o mundo é desolado e as pessoas movem-se para baixo da terra, para o metro. O livro fala das consequências dessa guerra e como afectou tremendamente a vida das pessoas. Cada estação habitável tornou-se numa pequena sociedade onde há um reflexo da sociedade russa, mas eu arrisco-me a dizer que Metro 2033 analisa mais do que a Rússia. O livro é uma espécie de conto de fadas negro sobre a sobrevivência humana, num mundo desolado, onde a incerteza de cada dia é a nossa certeza.
Para mim, esta é verdadeira beleza do livro. Um raro exotismo na destruição e o maravilhar pelo mundo passado e que mais não voltará. Será assim que os nossos descendentes se sentirão a olhar para nós? As minhas partes favoritas eram as que envolviam o protagonista, Artyom, quando este se perdia a analisar os restos de uma Rússia perdida. É uma rara beleza presente da tradução inglesa.
Considero Artyom uma personagem de louvar, embora não muito complexo. Ele é um novato com pouco conhecimento do mundo à volta dele, mas com uma curiosidade imensa, a quem é dada uma missão muito importante: chegar à Pólis e salvar o metro. Esta viagem perigosa não só é uma viagem de salvação, mas uma viagem de crescimento para Artyom. Ele depara-se com muitas das coisas e questões que o leitor também se põe ao longo da sua vida: Deus, a morte, o que está certo ou errado, etc. No fundo, Artyom acaba por ser um pouco do leitor e por isso é fácil criar simpatia por ele. Ele tem também tão bom coração, que a sua simpatia deixou-me, por vezes, perto das lágrimas.
Confesso que sou uma pessoa emocional, e este livro afectou-me diversas vezes pela forma crua e violenta com que a realidade de Artyom é retratada. Não há rodeios, a realidade é dura e é assim que ela é tratada. O próprio Artyom tem que enfrentar esta dureza sozinho, crescendo de um rapaz para um homem ao longo da história.
Uma das críticas que o livro recebeu é de que é vazio e sem objectivo, mas pessoalmente eu achei isto bom. Tento em conta que se trata de um mundo arrasado por bombas atómicas, é normal que seja vazio. Não há ninguém além dos mutantes. Um mundo assim tem que ser vazio e opressivo para que o leitor sinta o mesmo tipo de medo que Artyom sente ao enfrentar a solidão do vasto metro. Por ser tão vazio, eu arrisco-me a dizer que Metro 2033 foi o único livro que li que me meteu medo. Além de ser uma estética completamente diferente daquela que me é nativa, é um mundo alienígena para mim. Não só porque retrata uma sociedade que mal conheço, mas porque este é um mundo que não é o meu. É misterioso, dá-me um mau-estar que não consigo afastar de mim. Eu sinto o que Artyom sente porque estamos ambos na mesma situação, a explorar um mundo que não conhecemos.
Mas o livro não é prefeito. Uma das suas maiores falhas é o quão difícil se torna lê-lo devido a uma tradução pouco cuidada e a algumas frases que não fazem muito sentido. Não afecta a história no geral, mas torna a leitura do livro mais cansativa do que deveria ser.
A segunda metade do livro também é um dos seus pontos fracos por ser tão lenta. Não é o fim do mundo, mas é triste ver que a tradução não ajuda a tornar o livro mais fácil de ler durante a segunda parte.
No entanto, mesmo com as falhas, e com a dificuldade em seguir a viagem no mapa, devido à falta de familiaridade com o metro de Moscovo, eu recomendo a leitura do livro.
[Crítica feita com base na versão inglesa. A versão portuguesa foi publicada pela Edições ASA e pode ser encontrada nas lojas.]
Ficaram curiosos em conhecer esta história da Moscovo subterrânea?
Personagens e conceitos únicos.
Temas interessantes, como religião e moralidade, são abordados ao longo do livro.
Personagem principal de fácil identificação.
Verdadeiros sentimentos de solidão dão o ar de terror ao livro semelhante a Silent Hill.
Final derradeiramente lindíssimo.
Dificuldade em seguir a viagem de Artyom através do mapa.
A segunda metade é um pouco lenta.