Everest
Everest
Aventura, Drama, Thriller
M/12
24 de Setembro de 2015
GB, EUA, Islândia | 2015
121 min
Inspirado nos incríveis acontecimentos envoltos na tentativa de atingir o cume de montanha mais alta do mundo, documenta a inspiradora jornada de duas expedições em que todos os limites foram desafiados por uma das mais violentas tempestades de neve que a humanidade assistiu. Enquanto as suas energias são postas à prova pelos elementos mais severos no planeta, os alpinistas vão enfrentar obstáculos quase impossíveis quando uma obsessão de vida se torna uma luta pela sobrevivência.
Baltasar Kormákur
William Nicholson, Simon Beaufoy
Jason Clarke, Thomas M. Wright, Martin Henderson, Charlotte Bøving, Naoko Mori, Emily Watson, Sam Worthington, Keira Knightley, Jake Gyllenhaal
Não sei se é porque eu sou o Everest e por isso não chorei, mas estava mesmo à espera de algo ainda mais intenso!
Quando olhamos para a escrita de Simon Beaufoy (127 horas) e William Nicholson (Invencível, Gladiador) e para a direcção de Baltasar Kormákur em The Deep: Sobrevivente, sabemos que o expectável é este filme ser tornar uma obra grandiosa, pois possuí toda a experiência e talento necessários e mais que suficientes para garantir toda a profundidade a um filme baseado em acontecimentos reais como Everest. Especialmente se ainda adicionarmos a excelente cinematografia de Salvatore Totino (Código DaVinci, Anjos e Demónios) que neste filme se esmerou e por isso está de parabéns! Mas com tudo isto, é duro perceber que o filme falha esse patamar…
A própria produção do filme está excelente, não consigo pô-la em causa por um segundo que seja! A fotografia também estava tão apelativa que me captou inteiramente só com o trailer onde predominantemente sobressaem cores intensas, saturadas, vivas que se destacam de um fundo frio branco-neve e um calmo azul-céu que nos acompanha durante grande parte do filme, em planos tão bem preparados, tão intensos, tão visualmente imersivos, que houve um em especial onde me senti com vertigens, fiquei mesmo a querer-vos mostrar uns tantos em específico mas que não se encontram ainda disponíveis online. De facto foi a partir daqui, numa sequência em que constava um desses planos, que me apercebi de que algo de estranho se passava em Everest. A atmosfera estava lá toda visualmente a compor o cenário, a dramatização por parte dos actores estava ótima para a sequência em que me baseio para fazer esta seguinte apreciação, e é de salientar que adorei o carisma das personagens no filme: a nossa doce Emily Watson (Helen Wilton),um humilde John Hawkes (Doug Hansen) que tenta pela segunda vez chegar ao topo do Everest e levar consigo os sonhos das crianças de uma escola que o ajudaram a pagar a expedição, um Jason Clarke (Rob Hall) muito amistoso e prestável que quer zelar pela segurança dos seus clientes numa expedição arriscada ao topo do Everest quando está a meses de ser pai, um afável Jake Gyllenhaal (Scott Fisher) que é o guia de uma outra expedição ao topo do Everest a acontecer ao mesmo tempo que a de Rob, um Josh Brolin (Beck Weathers) rezingão que como Aaron em 127 horas não disse à família para onde ia, e agora quer-la o mais perto de si que nunca, uma Keira Knightley (Jan Arnold) de nos arrepiar um pouco por dentro com a sua naturalidade que é de se verter algumas lágrimas… mas ainda com esta carga dramática dos atores, a atmosfera do filme retinha-se toda no ecrã e não alcançava o espectador. Os planos berravam de dramatismo, mas no cinema só entoavam distantes ecos da sua expressividade. Algo me começou a fazer despertar do filme e eu comecei a estudá-lo, separando a componente visual do resto da sua expressividade.
No ínicio do filme deparamos-nos logo com uma edição um tanto forçada, começamos a história in media res e aqui a fluidez dos saltos temporais poderia ter sido melhor estudada, cortes algo confusos, saltos temporais um pouco abruptos, que depois culminam numa primeira parte do filme em que não acontece nada de facto. Ao longo da segunda parte, a edição volta a fazer cortes quando os planos em si pediam por mais oxigénio, um ritmo mais arrastado e intenso que iria salientar ainda mais o trabalho de Beaufoy e Nicholson, mas que assim não chega a criar a atmosfera para a qual o filme estava todo visualmente preparado. Atrevo-me a dizer que Everest morreu na praia da pós-produção, visto também a sonoridade não ter ajudado muito na imersividade do espectador. Os efeitos sonoros estavam lá, mas faltava uma banda sonora que realmente se colasse como uma pastilha ao visual e à história do filme. A banda sonora em si tem bons temas mas não parecem em nada descrever este filme. A sonoridade poderia ter funcionado muito melhor, era o milagre que poderia ter recuperado os ecos do filme, lhes dado um bom altifalante e abafado assim o ruído da edição.
Assim sendo, se quiserem mesmo sentir o poder do Inverno a bater nos vossos ossinhos, num filme absolutamente atmosférico onde se exploram grandes emoções perfeitamente captadas e com um enredo bastante sólido, mas com um trabalho de pós-produção que anule parte da aventura cinematográfica, Everest é o filme indicado!
A nível de escrita e interpretação, Everest mantêm-se numa boa fasquia, com uma boa cinematografia e uma excelente produção.
Cortes nos planos que quebram o ritmo da narrativa e impossibilitam o espectador de se ambientalizar e integrar-se na atmosfera do filme.
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Pedro Santos
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