Crítica | Orgulho e Preconceito e Guerra
Pride and Prejudice and Zombies
Acção, Terror, Romance
M/12
17 Março 2016
EUA | 2016
107 min
Durante o século XIX, em Inglaterra, um misterioso vírus começa a transformar os mortos em zombies, que se erguem do túmulo sedentos por cérebros humanos. Com o pânico a instalar-se no país, Elizabeth Bennet, exímia em artes marciais e no manuseio de armas, e Mr. Darcy, um austero e implacável caçador de zombies, terão de engolir o seu orgulho e unir forças para derrotar o surto de mortos-vivos que aterroriza Inglaterra.
Burr Steers
Burr Steers
Lily James, Sam Riley, Jack Huston, Bella Heathcote, Douglas Booth, Matt Smith, Charles Dance, Lena Headey
Os critérios de tradução para títulos de filmes estrangeiros continua a ser um mistério por resolver. O enredo de Orgulho e Preconceito e Guerra desenrola-se durante o século XIX, numa Inglaterra caótica e em alerta devido a um vírus que se propagou, transformando grande parte da população em zombies. Surpreendentemente, o título original deste filme é Pride and Prejudice and Zombies, dando especial ênfase aos zombies, ou não fosse toda a visão de Seth Grahame-Smith, inspirada no universo de Jane Austen, convergir nesse pequeno (grande) detalhe. Talvez «guerra» seja mais apelativo que «zombies», se o público-alvo não estivesse explicitamente direccionado para os apreciadores de filmes apocalípticos onde os mortos-vivos proliferam a um ritmo desmesurado.
A história gira em torno de uma família da qual fazem parte um casal e as suas 5 filhas. A propagação do vírus responsável por transformar pessoas em zombies obrigou a que vários dos não infectados fossem enviados para o Japão ou para a China, a fim de se prepararem para um possível ataque. As irmãs Bennet são treinadas na China, sendo confrontadas no seu regresso com a urgência da mãe em casá-las com um homem de boas famílias. Nesta necessidade premente de serem desposadas, Elizabeth (Lily James), a mais vigorosa e independente, e Jane (Bella Heathcote), considerada a mais bela e desejada, destacam-se entre as demais irmãs.
Embora Burr Steers, o realizador e argumentista, apresente um conceito diferente da adaptação cinematográfica do livro Pride and Prejudice, de Jane Austen, realizada por Joe Wright em 2005, a delicadeza e elegância de Keira Knightley continua presente. Ainda assim, Lily James encarna uma Elizabeth igualmente encantadora, tão frágil quanto corajosa, fascinando-nos com a sua beleza, inteligência e determinação. Infelizmente, o romance com Darcy (Sam Riley), nesta versão um caçador de zombies, tão arrogante quanto implacável, é pouco elaborado, bem como a própria personagem. Sente-se a química entre os 2 actores e personagens, mas pouco, e deixa um travo amargo pensar que este filme poderia ter sido mais polido, melhor estruturado e mais desafiante do que aquilo que é.
Todavia, sobressaem os fantásticos figurinos de Julian Day, especialmente os das 5 irmãs. Curioso e notável notar como as roupas de Lily James surgem sempre com cores mais fortes e chamativas. Uma escolha acertada para realçar não só a personagem como a sua personalidade. A Bella Heathcote, por outro lado, são oferecidos figurinos mais leves, de tons suaves a lembrar uma princesa.
Burr Steers terá tentado adornar Orgulho e Preconceito e Guerra de tantos estilos que acabou por deixar aquém das expectativas todas as premissas às quais parece ter querido propor-se. A intenção de procurar a sátira ao serpentear pelos pressupostos de um filme de época, investindo no terror complementado com a acção e enamorando o drama até se deleitar no romance, dotou o filme de apontamentos interessantes mas a procura de complexidade esvaziou-o em desenvolvimento. A determinada altura, isto é, no início do filme, acreditamos ter à nossa espera um leque de surpresas aterrorizadoras, mas essa ideia rapidamente se desfaz, bem como ansiamos por um romance estimulante que nada terá de significativo. A previsibilidade adensa-se com o decorrer dos acontecimentos, talvez por não ser dado o destaque merecido a alguns, apressando-os em momentos vagos e fugazes, descredibilizando a acção. As personagens secundárias, por sua vez, parecem meros adereços. Não me coíbo de referir Lena Headey, cuja relevância na trama é mínima e a pala no olho é absolutamente distractiva…
Orgulho e Preconceito e a «Revolta dos Zombies» suscita curiosidade pelo simples facto de se associar à obra de Joe Wright e por ser a adaptação cinematográfica do sucesso de Seth Grahame-Smith. Poderia ter sido um filme cativante, de facto, mas cai na banalidade hollywoodesca.
Estás curioso para conhecer esta nova versão de Orgulho e Preconceito?
Figurinos
Cenas de ação bem conseguidas
Os poucos mas divertidos momentos que a personagem de Matt Smith nos proporciona
Moda dos zombies
Previsibilidade
Cersei, és tu em versão pirata?