“Singularity”
Lembras-te daquilo que te disse no início da discussão da semana passada? Pois.
Mais uma vez, acontece tanta, tanta coisa neste episódio.
A narrativa e todos os sub-enredos estão a começar a afunilar-se. Está tudo a começar a apontar para o confronto final com o Hive. Cada vez mais gosto do Hive como vilão. Brett Dalton consegue transmitir uma sensação de poder e ameaça velada em cada frase e em cada gesto, e a manipulação que o Hive faz das personagens à sua volta é cada vez mais perturbadora.
A influência dele na Daisy, que ele continua a insistir em chamar de Skye, é particularmente notória. É tão desconfortável vê-la a conversar com ele como se fossem amigos de longa data porque na realidade o foram, antes de todas as traições e assassinatos. Daisy parece atraída pela personalidade do Grant Ward que continua presa algures dentro do Hive, e aquele momento em que ela deita a cabeça no ombro dele foi tão… gah!
O Fitz e a Simmons explicam-nos que a influência do Hive é semelhante à intoxicação por uma droga, libertando doses imensas de dopamina no cérebro (uma daquelas substâncias que nos fazem felizes). Portanto não se trata realmente de controlo mental ou telepatia; os pensamentos da Daisy não foram substituídos pelos pensamentos do Hive. Ela continua a pensar pela sua cabeça, mas as suas emoções estão tão deturpadas que é incapaz de pensar claramente.
Vemos isso com a Alisha, que anteriormente vimos que sente a morte das suas cópias, mas a partir do momento em que fica “viciada” no Hive, está disposta a fazer esse sacrifício por ele.
Mas será que esse controlo é mesmo assim tão absoluto? Mesmo naquela cena muito agressiva em que a Daisy está a estrangular o Fitz, a mando do Hive, tive várias vezes a impressão que ela tinha um conflito interno imenso. Como se soubesse que o que estava a fazer era errado, mas não se conseguisse controlar. Será que a Daisy ainda vai ser capaz de lutar contra a influência do Hive?
Não é que fosse particularmente imprevisto, mas gostei imenso da cena em que o Hive e a Daisy vão ao deserto atrás do James, o outro Inumano potencial que estava a guardar o artefacto Kree. O James é forçado a transformar-se num Inumano, e apesar de ser isso que ele queria originalmente, duvido que imaginasse que isso implicasse juntar-se ao culto/exército do Hive.
De qualquer forma, James continua a ser muito divertido depois de se transformar, e é muito engraçado vê-lo a debater-se com que nome escolher. Provavelmente vai acabar mesmo por escolher “Hellfire”, até porque nas bandas desenhadas esse é o nome de um dos Inumanos que acaba por fazer parte dos Secret Warriors, a equipa liderada pela Daisy. Será que isso significa também que ele vai acabar por trair o Hive ou juntar-se à SHIELD depois de ser desinfectado?
Mais interessante que isto tudo é o facto de que o Hive consegue recuperar um segundo artefacto Kree, que o James tinha escondido debaixo da sua casa, e que diz que é a única coisa que o pode destruir. O que será que faz este segundo artefacto? Será uma arma? Uma espécie de bala-de-prata capaz de eliminar o Hive definitivamente? Ou será que é outra coisa? Pegando na ideia de que a esfera Kree tem desenhos muito semelhantes aos vistos no Sanctum Sanctorum do Dr. Estranho, e que o Dr. Estranho é conhecido por andar a saltar entre dimensões, será que este artefacto é uma espécie de transportador inter-dimensional? Para transportar quem? É um artefacto criado pelos Kree? Será que é uma maneira de contactar os Kree? Será que os Kree ficariam desagradados se descobrissem que a sua experiência genética falhada há milhares de anos afinal ainda andava por aí a respirar e a fazer estragos?
Será que vamos ver os Kree nos próximos episódios? Será que é por isso que há naves no espaço?
Entretanto, com o objectivo de tentarem encontrar uma cura para a infecção do Hive, a Simmons e o Fitz vão juntamente com o Mack tentar infiltrar-se num clube secreto de trans-humanistas, e se isto não é a coisa mais cyberpunk de sempre, eu não sei o que é. É muito divertido ver o Fitz e a Simmons a interagirem com a montanha de músculos que é o Mack, e a vestirem-se a rigor para fazerem uma missão muito à James Bond. O Fitz e a Simmons continuam a ter uma química extremamente divertida entre eles, e é muito muito engraçado vê-los a discutirem analiticamente as repercussões de terem sexo um com o outro. Por esta altura acho que nós merecemos esse sexo tanto quanto eles.
Claro que, como estas coisas costumam acontecer, quando estão prestes a recrutar o cientista que é convenientemente o especialista em genética parasitária para os ajudar a curar o Hive, o Hive aparece e rapta o cientista.
Mesmo com humanos normais, o Hive consegue ser extremamente perturbador. Quando ele se confronta com a Simmons e começa a falar como se fosse o Will? Essa cena foi tão estranha! Porque se por um lado o Hive estava a fazer o ex-namorado morto da Simmons falar como se estivesse ali, estava a dizer-lhe que ela tem de o deixar partir e não se agarrar a essa memória. É um bom conselho mas dado da pior maneira possível. A Simmons reage de uma maneira que eu só posso descrever como repulsa, de tal maneira que no fim da conversa dá-lhe dois tiros no estômago. O Hive provavelmente vai ficar melhor, no entanto.
No fim do episódio, descobrimos que o Hive raptou o cientista para ele recriar a experiência genética dos Kree que o criou a ele. Já antes ele estava a dizer à Daisy que não há guerra se toda a gente estiver de acordo. Será que ele vai usar a bomba que roubou no início da temporada e os cristais de Terrigen que roubou da SHIELD para transformar toda a gente do planeta em Inumanos? Tudo parece indicar que sim.
Entretanto há todo um sub-enredo entre o Coulson, o Lincoln e a May (eu disse que acontecia imensa coisa neste episódio!).
O Coulson, de uma forma invulgarmente fria, obriga o Lincoln a usar um colete-suicida para o caso de ele ser controlado pelo Hive, e dá o controlo remoto à May. Pela primeira vez na série vemos a May a dizer o que já todos nós pensávamos, que o Coulson está a deixar as suas emoções paternais pela Daisy enviesarem as suas decisões. Isto faz algum sentido, na medida em que nenhum pai gosta do namorado da filha, mas daí a vestir-lhe um colete de bombas demonstra o quão emocionalmente perturbado o Coulson realmente está. Por outro lado ele tem um escudo de energia na mão, o que para mim mais do que compensa tudo o resto!
Ao mesmo tempo, com as informações que o Malick forneceu antes de morrer, o General Talbot consegue finalmente destruir os últimos restos da Hydra no mundo. E pronto, acho que a Hydra acabou! Apesar de fazer todo o sentido, foi um fim pouco espectacular, mas sinto que isso é uma decisão propositada, para nos mostrar como agora os problemas são muito maiores que isso.
Por outro lado tudo isto são coisas que poderão ainda ser mencionadas no Capitão América: Guerra Civil, que estreia esta semana em Portugal. Na América estreia só para a semana que vem. Isso significa que em Portugal podemos ver o Capitão América: Guerra Civil antes do episódio de Agents of S.H.I.E.L.D. que faria a continuidade para o filme. A única hipótese seria não ver já o Capitão América: Guerra Civil, esperar pela semana que vem para ver Agents of S.H.I.E.L.D. e só depois disso ver o Capitão América: Guerra Civil. Boa sorte com isso!