“Absolution” “Ascension”
Isto sim, é um final de temporada! Quando pensávamos que o final da primeira metade da temporada era a melhor coisa que esta série nos podia dar, tivemos este final duplo absolutamente espectacular!
“Absolution” começa a correr, despachando uma data de exposição em meia dúzia de segundos e pondo-nos no meio da acção enquanto a equipa invade a ilha onde Hive e a sua equipa estão a tentar disparar o míssil que vai transformar todos os habitantes da Terra em primitivos. Essa sequência de acção está tão bem montada, parece um episódio da Missão Impossível, com toda a gente a trabalhar nas suas próprias tarefas autonomamente uns dos outros. Nunca esperei que fosse tão divertido, ver o Fitz a interagir com o Talbot.
De alguma forma conseguem fritar o cérebro do Hive (não é necessário explicar como) e isso põe-no confuso com as suas próprias memórias. Durante alguns momentos ele está a reviver as suas personalidades passadas, e foi só impressão minha ou durante alguns momentos vimos ali a personalidade do Ward a vir ao de cima e a querer ajudar a SHIELD?
Hive fica fragilizado o suficiente, e a equipa consegue capturá-lo no gel, enquanto que Hellfire e Gyera conseguem fugir com a bomba.
Entretanto, na base, temos a Daisy a comiserar-se com a culpa e o trauma de ter sido controlada pelo Hive. As várias conversas que ela tem com a Simmons, com o Coulson e sobretudo com o Mack mostram perfeitamente bem o conflito emocional com que ela está a viver, lembrando-se perfeitamente dos crimes que cometeu, e não se conseguindo perdoar apesar de ter estadoo sob o controlo do Hive. Isto não parece tão exagerado assim porque, como disse imensas vezes nas discussões anteriores, ela não parecia estar a ser roboticamente controlada pelo Hive, parecendo que o controlo que ele tinha sobre ela era mais emocional. Ela não tinha controlo sobre as suas emoções, mas as suas emoções faziam-na querer magoar e matar os seus amigos.
As coisas começam todas a correr mal quando (não percebi bem como) alguém conseguiu introduzir uma bomba de vírus dentro da base da SHIELD, e transformar alguns dos seus agentes em Primitivos que rapidamente libertam o Hive.
Quando toda a gente está a entrar em pânico sem saber o que fazer, e até o Fitz e a Simmons têm de puxar mais um truque científico demasiado complicado para se darem ao trabalho de explicar à audiência (e antes que te queixes disso, porque é que tens de saber tudo, huh? é mesmo mesmo necessário explicar todos os pormenores?), vemos a Daisy a subir o seu elevadorzinho para ir dar porrada ao Hive.
Mas quando ela lá chega, pede-lhe para ele a controlar outra vez! Que momento tão poderoso. Só neste momento é que eu percebi realmente até que ponto o sofrimento dela era profundo. Ela preferia voltar a ser controlada, a perder a sua vontade própria, do que viver com a sua culpa. Ou será que tinha mais a ver com estar em ressaca do controlo neuroquímico do Hive, como sugerido pelo Coulson inicialmente? Gosto imenso que não nos seja dada uma resposta definitiva, dado que ambas as hipóteses são igualmente interessantes.
Aparentemente, no entanto, a influência do Lash faz com que ela seja imune ao controlo do Hive, e esse facto transforma toda a auto-comiseração da Daisy em raiva, e temos aquela que é definitivamente (agora sim) a melhor luta da série até agora, e a luta por que todos estávamos à espera! Hive vs Daisy! Raios que aquilo foi awesome! Ela a usar os seus poderes para deflectir os golpes do Hive, o Hive a saltar por todo o lado à la Matrix! Tão tão fixe!!!
Apesar da badassery da Daisy, ela não é capaz de derrotar o Hive, e ele volta a capturá-la, levando-a no Zephy como garantia de que não lhe rebentam com o avião, enquanto ele leva a bomba para uma maior altitude.
Entretanto fica o Coulson e o resto da sua equipa a resolverem o problema dos Primitivos que estão a invadir a base. Estas cenas foram engraçadas e tiveram um tom quase de terror, sobretudo com eles a infiltrarem-se pelas condutas de ventilação, e quando a Simmons está escondida na caldeira com os Primitivos quase em cima dela. Cada vez gosto mais da personagem do Battatius, cientista louco registado na Associação Nacional de Cientistas Loucos e Investigadores Sem Morais, que se vai infiltrando em todo o lado e esquivando a tudo e todos.
Entretanto no Zephyr a May e o Fitz vão tentar resgatar a Daisy. Exactamente quando a May vai mostrar o seu lado mais sensível e vulnerável para tentar convencer a Daisy a deixar de ser uma adolescente angustiada, temos um dos momentos mais impressionantes do Fitz até agora. Ele a defrontar-se contra o Giyera, e o diálogo sobre ele ter uma arma que ele não vê teve uma construção de tensão excelente, e a melhor resolução possível quando percebemos que o Fitz tem uma pistola que é literalmente invisível!
Uma das melhores cenas foi definitivamente a conversa entre o Coulson, que veio salvar toda a gente, e o Hive. A loucura e a convicção do Hive de que está a fazer a coisa certa acentuam-se ao mesmo tempo que a presença do Coulson nos mostra quão demente é na realidade o plano do Hive. Não sei quanto a ti, mas no momento em que o Coulson falou do Blake, eu suspeitei que fosse um holograma!
Mas aquela revelação! Gosto tanto do aspecto do Hive! O CGI é bom, o design da cara dele é tão alienígena quanto reconhecivelmente humano, e extremamente ameaçador!
Enquanto o Coulson serve de distracção o resto da equipa vai salvar a Daisy, e temos outra excelente cena de luta entre a equipa e um número indefinido de Primitivos. Adorei como a sequência de luta é um plano de sequência, dando ênfase a todas as personagens.
E temos a versão finalizada do shotgun-axe!!!! A sério, é por pormenorzinhos desde que eu adoro esta série. Os escritores sabem exactamente que é com este tipo de detalhes que os fãs se entusiasmam imenso, e no fim, aquilo que parecia inicialmente apenas uma piada feita no momento pelo Mack acabou por merecer todo um mini arco de história.
Durante estes dois episódios a série brinca connosco e com as nossas expectativas, fazendo o raio da cruz dourada passar pelas mãos de quase todas as personagens que tínhamos anteriormente especulado que podia morrer no fim. Apesar de acontecer de forma natural dentro dos eventos do episódio, é igualmente óbvio que os escritores sabiam perfeitamente que íamos estar a seguir a cruz como alguém a seguir a bola debaixo dos copos do mágico a ver onde é que ia parar. É uma maneira tão engraçada de usar ferramentas narrativas para manter a audiência expectante!
No fim parece mesmo que vai ser a Daisy que vai morrer, quando ela tem uma conversa com o Lincoln, agarrando a cruz e aceitando-a como um sinal do seu fim inevitável, e lá vai ela lutar contra o Hive. Depois de mais um confronto final com o Hive quando a Daisy está a preparar o Quinjet para levar a bomba para o espaço, subitamente aparece o Lincoln para salvar o dia!
E raios para esta série que continua repetidamente a destruir as minhas pretensões de ser capaz de prever para onde vão narrativas! Eu estava a gostar do Lincoln! Fiquei genuinamente surpreendido quando ele aparece no fim dentro do Quinjet. Estava mesmo à espera que fosse a May, e no fim estava absolutamente convencido que ia ser o Coulson. Apesar de na realidade o Lincoln ser uma das personagens menos essenciais à narrativa, e fazer sentido que morra, não era mesmo nada isso que eu estava a ver a acontecer.
O diálogo entre ele e a Daisy foi emocionalmente intenso e doloroso de ver, sendo extremamente reminiscente do fim de Capitão América: O Primeiro Vingador. Perder o Lincoln desta forma trágica, com ele a sacrificar-se por todos desta maneira, é definitivamente o golpe emocional que destrói a Daisy.
Também adorei a cena final entre o Lincoln e o Hive. O Hive parece finalmente aceitar serenamente a sua própria morte, dando-nos a entender que a sua própria imortalidade não tinha sido um fardo leve de carregar. A conversa que tem com o Lincoln acerca de acreditar estar a fazer o melhor pela humanidade, e o Lincoln a dizer que afinal a humanidade é apenas humana, é também muito reminiscente da conversa entre o Visão e o Ultron no fim de Vingadores: A Idade de Ultron.
E pronto, fica resolvido o conflito da 3ª temporada de Agents of S.H.I.E.L.D.!
O quê? Querias mais? Então toma lá mais!
Sabendo que és um fã ávido e insaciável, a série dá-te um saborzinho do que poderá acontecer na 4ª temporada.
Temos uma parede cheia de recortes de jornal que falam de alguém chamado Quake. Ora Quake é o nome da personagem original da Daisy nas bandas-desenhadas, e parece que ela anda a roubar bancos e a provocar terramotos. Será que ela é mesmo criminosa, ou está só a agir como vigilante? Será isto uma consequência directa dos Acordos de Sokovia, que obrigam pessoas com poderes a trabalharem para o governo ou a serem considerados criminosos?
Temos o Coulson e o Mack a fazerem vigilância, à espera que a Daisy vá finalmente cumprir a promessa àquela personagem que tinha tido a visão do futuro, prevendo o final da temporada. Quando a vêem perseguem-na, e percebemos que o Coulson já não é o director da SHIELD.
Quem será então o Director da SHIELD? Será o General Talbot? Será que vai ser fiel à banda desenhada e vamos ter a Agente Maria Hill (lembram-se dela?) a ser a Directora da SHIELD? Eu adorava que fosse essa última. E porque é que ele parece desistir tão facilmente de a apanhar? Será que ela ainda é leal ao Coulson? Será que o Coulson está nas sombras a apoiar um grupo de Guerreiros Secretos?!?!
O que é que o Battiatus está a fazer com a sua inteligência artificial AIDA? Será que pegou na tecnologia usada para criar a mão do Coulson e inventou um robô indistinguível de um humano? Será por isso que precisa da ajuda do Fitz? Será que está a criar uma espécie de Ultron?
E finalmente, como raio é que a Daisy consegue ser ainda mais espectacular?!?! Melhor ainda do que um super-hero landing é um super-hero take-off!!
O que achaste do final? O que achas que vai acontecer na 4ª temporada?
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Daniel Álvares
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Gui Santos
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