A Fé dos Sete é a religião principal dos Sete Reinos de Westeros. É dominante no sul, sendo que no norte há ainda aqueles que adoram os Deuses Antigos, e nas Ilhas de Ferro reina o Deus Afogado. Fora de Westeros, esta religião tem pouca ou nenhuma expressão, apesar de se ter originado no continente de Essos, na terra dos Ândalos.
Qual a origem da religião?
Iniciou-se mais de cinco mil anos antes do início da série. Lá, é dito que o Deus dos Sete se manifestou perante o povo Ândalo, e foi a partir deste evento sobrenatural que eles iniciaram a conquista de Westeros. Dizimaram os Primeiros Homens e queimaram as árvores-coração dos Filhos da Floresta, pois acreditavam que a sua magia era uma abominação aos olhos dos Sete. Gravaram o seu símbolo religioso, a estrela de sete pontas, tanto nas árvores e nos edifícios como na sua própria carne, e a sua fé era poderosa e aterrorizadora. A sua “bíblia” chama-se, igualmente, A Estrela de Sete Pontas. Apenas o reino do norte lhes pôde resistir, e aí permaneceu relativamente intacta a antiga religião.
Até à chegada dos Targaryen, a Fé tinha o direito de julgar, através de processos “legais” como os que vemos agora na série, todas e quaisquer pessoas que fizessem parte da sociedade, incluindo os reis. Tinham também em sua posse um exército privado, a Fé Militante, cuja força utilizavam para subjugar aqueles que não se submetiam ao seu julgamento.
Porém, este reino da fé não podia durar para sempre, e os Targaryen descenderam sobre Westeros para impor o seu domínio. Chegou Aegon, o Conquistador, com o seu dragão Balerion, a sua irmã e esposa Visenya e o seu dragão Vhagar, e a sua irmã e esposa Rhaenys e o seu dragão Meraxes. Após a conquista, os novos reis permitiram a continuação da fé, retirando-lhe todo o poderio militar e o direito de julgar e condenar legalmente os pecadores. A fé perseverou, tornando-se porém corrupta e diminuída, uma sombra do que fora noutros tempos.
Mas quais são os sete deuses, e o que representam eles?
Muitos septões defendem que os sete são apenas as sete faces de um único deus todo poderoso, e são elas:
- O Pai – representa a justiça divina, e julga as almas dos mortos;
- A Mãe – representa a misericórdia, a paz, a fertilidade, e a reprodução;
- A Donzela – representa a jovialidade, a pureza, a inocência e a beleza;
- A Velha – representa a sabedoria e a previdência. É normalmente representada com uma lanterna na mão, a iluminar o nosso caminho para o futuro;
- O Guerreiro – representa a força e a coragem na guerra;
- O Ferreiro – representa a criação, a criatividade e a habilidade manual;
- O Estranho – este é o mais curioso deus dos Sete. Representa a morte e o desconhecido, e raramente é adorado. Não é nem feminino nem masculino, sendo por vezes representado como um esqueleto, uma figura encapuzada de negro ou um ser animalesco.
Que poder tem na actualidade?
A importância desta religião nas famílias nobres ainda é significativa. Todos os senhores têm a sua capela – o “septo” – e o seu capelão, o “septão”. Para além destes septões, que são os padres da religião dos Sete, existem também as septas, que são equivalentes às freiras. Sendo esta uma religião patriarcal, as septas não têm tanto poder como os septões e, em vez de se ocuparem da adoração aos deuses, têm outras funções, como cuidar de crianças e idosos e preparar os mortos para serem enterrados (função que cabe à facção de septas conhecida como as “irmãs silenciosas”).
A septa que nós mais conhecemos foi a Septa Mordane, a ama de Sansa e Arya na primeira temporada da série, que teve um triste final e acabou com a sua cabeça espetada nos baluartes da Fortaleza Vermelha. A septa tinha o dever de instruir as jovens nobres na arte de serem mulheres (costura, boas maneiras, e conhecimentos heráldicos), enquanto que a educação académica (aprender a ler e a escrever, história e geografia) cabia ao Maester de cada Casa.
Mas então, se a Fé dos Sete perdeu os seus poderes há centenas de anos, com o apogeu dos Targaryen, como se pode explicar o presente clima que se vive na capital?
Na realidade, tudo seguiu uma sequência lógica. Como sabemos, a Guerra dos Cinco Reis foi uma enorme catástrofe, não só para as famílias nobres (como os Stark, que viram a sua linhagem dizimada), como para o povo comum. As suas quintas e casas foram queimadas, os seus familiares foram violados e torturados, presos e assassinados, apenas por pertencerem à terra deste ou daquele senhor. Com a aproximação de um longo inverno e as colheitas destruídas, a sua sobrevivência está agora em causa. O único sítio para o qual se podem virar é para os deuses.
A partir deste desespero, surge um novo culto, o dos Pardais. Os Pardais defendem um modo de vida simples, sem luxos, preenchido pelo trabalho comunitário, a compaixão e a adoração dos deuses. Dentro desta vida de meditação, claro, há lugar para o julgamento feroz dos outros.
Após a sua chegada a Porto Real, pouco depois da morte de Tywin Lannister, os Pardais começaram por obrigar o Alto Septão (a figura mais importante da religião dos Sete) a fazer uma caminhada de penitência, semelhante à de Cersei, por o terem encontrado num bordel. Quando o Alto Septão exigiu a prisão dos Pardais, Cersei, em vez disso, prendeu o Alto Septão e fez com que o Alto Pardal fosse eleito o novo Alto Septão. Ofereceu-lhe também de volta o poder que a fé tinha perdido com os Targaryen.
Porque é que a Cersei pôs o Alto Pardal no poder?
Terá certamente acreditado que teria o novo Alto Septão nas suas mãos e que poderia usar a nova Fé Militante para os seus desígnios. Mas eles não se demonstraram tão agradecidos como ela esperava, e os seus próprios pecados são postos a descoberto. Tudo isto vai dar à sua humilhação, forçada a caminhar nua nas ruas de Porto Real, e acabará com o seu julgamento por combate.
O poder que ela outorgou aos Pardais está completamente fora de controlo. São um grupo de fanáticos cujo único desejo é agradar aos deuses. Para os aplacar, será necessária uma força semelhante à de Aegon o Conquistador.