“Blood of My Blood”
Que bom episódio foi este! Adorei vermos finalmente o Sam e a Gilly a chegar a Horn Hill, um momento muito aguardado na série. A relação entre as duas personagens torna-se cada vez mais verdadeira e mais profunda. Sendo a sua relação algo que nasceu de um capricho e de uma mera necessidade, acho muito bonito vermos agora o Sam e a Gilly a amarem-se realmente um ao outro e a apoiarem-se um ao outro. Ver a Gilly vestida como uma dama do sul foi um momento estranho – até acho que ela fica melhor da maneira como normalmente a vemos, no seu jeito Selvagem natural. A família do Sam acaba por ser exactamente como ele a descreveu: a mãe e a irmã (se bem que me recordo de ele ter falado em diversas irmãs) são amorosas, o pai é um déspota, e o filho mais novo tenta apenas impressionar o pai. Vermos o luxo no qual Sam cresceu e viveu a maior parte da sua vida faz-nos também apreciá-lo mais como pessoa, e compreender o diferente que ele é de outros da sua classe pela maneira como se relaciona com as pessoas comuns e com menos instrução do que ele.
Gilly demonstrou a sua coragem ao enfrentar o pai e o irmão de Sam, defendendo o seu amado, e Sam demonstrou a sua coragem ao fazer o impensável: roubou a espada do pai! Mas esta não é uma espada comum: é a “Heartsbane”, uma das últimas espadas de aço valiriano do mundo, uma relíquia da Casa Tarly. Como sabemos, o aço valiriano pode matar os Outros, os Caminhantes Brancos. Esperemos que ele não precise de a usar nos próximos tempos. Qual será o plano do Sam agora que fugiu com a Gilly e o Little Sam? Não pode levá-los com ele para a Cidadela, onde pretendia tornar-se Maester. Terá desistido deste sonho? Irá falhar a sua promessa a Jon? Duvido muito. Certamente tentará escondê-los na cidade, o que pode acabar por ser muito perigoso para eles.
Os desenvolvimentos no Norte foram impressionantes. Sim, claro que já sabíamos que o Bran e a Meera se iam safar (tinha que ser), mas fiquei surpreendidíssima com a aparição do “Coldhands”, uma personagem que já é bastante conhecida para aqueles que leram os livros. Conhecido nos livros como o “Mãos Frias”, ele parecia ser um meio-homem meio-caminhante branco, com a mente intacta e boas intenções. As suas intervenções na vida das personagens foram já muitas, mas nunca tinha sido desvendada a sua verdadeira identidade, se bem que muitos já suspeitassem dela. Então foi isso o que aconteceu a Benjen Stark, o adorado tio de Jon Snow que desapareceu para lá da Muralha na primeira temporada! Ficámos também a saber através do seu relato que os Filhos da Floresta podem não só criar Caminhantes Brancos como impedir a sua criação, utilizando o mesmo processo. Isto dá-nos esperanças no futuro, ou daria, se o Bran não tivesse feito com que quase todos os Filhos da Floresta que ainda existiam fossem mortos. Gostei de ouvir o Bran a dizer que não conseguia controlar os seus poderes – sim, nós já tínhamos percebido. Mas ao que parece ele é agora o Corvo de Três Olhos, e vai ter que aprender. Prevejo muitas visões interessantes do Bran – adorei os lampejos que tivemos do Rei Louco Aerys Targaryen!
Em Porto Real, o plano dos Tyrell com os Lannister deu para o torto. A Margaery tinha já conseguido convencer o Rei Tommen a juntar-se à fé, possivelmente como a única maneira que ela conseguiu ver de se poupar à humilhação de uma caminhada como a da Cersei. Desde o início da cena que eu consegui perceber que algo estava errado – ela ainda tinha cabelo, logo, não ia fazer caminhada nenhuma. O desenvolvimento não foi muito surpreendente, tendo em conta que o Tommen sempre foi tão fácil de influenciar. Penso que a Margaery deve ter ficado imensamente desapontada, e ter desejado nunca ter feito aquilo que fez! Se ela soubesse que ia ser resgatada, duvido que tivesse tentado converter Tommen, dado que não creio que a tortura do Alto Pardal tenha conseguido realmente tocá-la. Por outro lado, Jaime é destituído do seu cargo como Comandante da Guarda Real, algo que tinha sido feito pela primeira vez em toda a história pelo seu irmão Joffrey quando despediu o Barristan Selmy (parece que é um talento de família, assassinar tradições). O Jaime vai ser enviado para Correrrio para erradicar Brynden, o tio de Catelyn Stark, que recuperou o castelo e pode tornar-se leal aos Stark novamente (assim que descobrir que estes ainda existem). Como correrá isto para Jon Snow? O amor da Cersei e do Jaime, claro, continua a crescer, e continuam a afirmar a sua superioridade enquanto evidenciam claramente a sua inferioridade. Já farta um bocadinho.
A melhor parte deste episódio, para mim, foi a da Arya. Fiquei tão feliz! Já há imenso tempo nestas discussões que eu andava a dizer que odiava os momentos em que Arya se tornava verdadeiramente “ninguém”, e que tinha ainda a esperança, muito ténue, de que desistisse desse propósito… E hoje, finalmente, fê-lo! Viu a realidade – que os Homens sem Rosto são assassinos pagos, que as vítimas não são escolhidas pelo Deus mas sim pelos caprichos e pelas vaidades de pessoas iguais a ela. Ao recusar-se a matar uma actriz, porque esta foi bondosa para com ela e a fez entrever um outro futuro possível, “ninguém” voltou a ser Arya Stark, ou, como se apresentou ela à actriz, “Mercy” – misericórdia. Claro que, agora, a outra serva do Deus das Muitas Faces (que nunca gostou particularmente da Arya) parece ter recebido permissão para ir atrás dela e matá-la. Se isso acontecer (o que duvido), pelo menos ela iria morrer com a sua identidade intacta, e eu prefiro ver isso do que vê-la a perder-se a si mesma e a transformar-se em “ninguém”. A Arya traz a morte àqueles que a merecem ou a procuram, mas nunca aos inocentes.
O nome do episódio, claro, quer referir-se à cena final, a cena da Daenerys. Ela demonstra novamente a sua veia Targaryen ao inspirar o amor e a devoção numa multidão de Dothraki. Sentiu também a presença do seu dragão, ou foi capaz de chamá-lo e de domá-lo. Já está claramente a tornar-se muito melhor nisso. Parece ter aprendido qualquer capacidade secreta que lhe estava a faltar até aqui, o que me dá muita esperança de que consiga dominar também Rhaegal e Viserion. Ela consegue que todos os Dothraki prometam atravessar o oceano, o que é uma façanha enorme, porque os Dothraki têm um medo fatal de qualquer água que os seus cavalos não possam beber. Nomeia-os a todos “sangue do seu sangue”, os seus irmãos ajuramentados, o que quer dizer que qualquer um deles dará a vida por ela. Foi mais uma jogada de mestre de Dany, que assegura assim as lealdades do seu novo exército e reafirma a sua autoridade perante Daario Naharis.
Achas que a Arya se conseguirá safar das garras da sua perseguidora?
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Do’ Raa
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Priscila Sousa