“The Door”
Que episódio! Cheio de emoção e com muito desenvolvimento da história, este episódio já está a ser considerado pela maioria das pessoas como o melhor da temporada até agora, apesar dos ratings ainda não terem saído oficialmente. De resto, até agora esta temporada está a ter melhores pontuações do que qualquer uma das anteriores!
Não me parece que a Sansa esteja a ser particularmente inteligente neste momento. Passou tanto tempo a precisar de protecção e a ser enviada de um lado para o outro sob as ordens de pessoas que não tinham os melhores interesses dela em mente, e agora que tem finalmente a Brienne, uma pessoa que a serve a ela e só a ela, vai enviá-la a Correrrio (a metade do continente de Westeros de distância) para ela enviar um recado?! É mesmo possível que o Jon não tenha um único homem de confiança que pudesse ter feito esse trabalho tão facilmente como ela? A coitada da Brienne ainda não pôde parar quieta.
Adorei o momento de tensão entre ela e o Tormund à saída de Castelo Negro. O Tormund parece estar a divertir-se imenso com o desconforto dela! Ela deve pensar que as suas atenções não são reais, mas nós já sabemos que o Tormund gosta de mulheres grandes. Não é à toa que lhe chamam o Marido de Ursos, o Flagelo dos Gigantes!
E qual será o jogo final do Petyr Baelish? Confessa à Sansa que trouxe todos os Cavaleiros do Vale de Arryn até ao norte para a “ajudarem”, mas se ele já sabia onde ela estava, saberia que não estava em perigo. O que quer ele? Acho que a Sansa fez um erro táctico extremamente grave ao não dizer ao Jon que o Mindinho tinha um exército no norte, e que esse erro pode acabar por lhes custar muito caro.
As cenas da Arya neste episódio foram também muito potentes. Ela está a integrar-se mesmo na Igreja do Deus das Muitas Faces e, enquanto treinava e era incumbida da sua missão, a sua falta de expressão dava a entender que está mesmo a perder a sua identidade. Mesmo a cadência da sua voz parece-me mudada, parece mais dócil do que a Arya que nós conhecíamos. Mas depois, ao longo da peça, “uma rapariga” pareceu deveras incomodada com o retrato negativo que era feito da sua ex-família. Talvez ela ainda não esteja verdadeiramente perdida!
A peça, em si, que vimos a ser representada nas ruas de Braavos, foi um dos melhor conseguidos momentos do episódio, para mim! Claro, eles não acertaram necessariamente nos detalhes, mas as caracterizações estavam fantásticas, e é interessante ver o interesse nas ruas de uma das maiores cidades de Essos pelos desenvolvimentos políticos do outro lado do Mar Estreito.
A Dany fica a saber da doença de Jorah e, numa cena extremamente sentimental, comanda-lhe que descubra uma cura. Mas se esta doença, como explicámos no artigo da semana passada sobre Escamagris, tem flagelado a humanidade durante milhares de anos, como é que Jorah, de repente, vai descobrir uma cura? Isso seria uma solução demasiado simplista. O que interessa, de momento, é que Daenerys parece ter aceitado Jorah de volta, com o impedimento de que ele vai ficar mais e mais contagioso com o passar do tempo e, portanto, não pode realmente levá-lo de volta com ela, sob risco de perder homens às centenas.
O Tyrion continua a ter ideias que não sabemos se são brilhantes ou potencialmente destrutivas. Na semana passada, vimos como ele subornava os Mestres esclavagistas das cidades vizinhas com prostitutas e com uma paz na qual lhes permite continuar a ter escravos durante sete anos. De facto, conseguiu estancar a violência nas ruas de Meereen, mas o preço foi a dignidade dos valores que Daenerys quis trazer para a Baía dos Escravos.
Agora, Tyrion apresenta uma nova personagem à série, uma nova Melisandre, mas com um aspecto latino. Esta sacerdotisa do deus R’hllor acredita, tal como a esmagadora maioria dos servidores deste deus em Essos acreditam, que Daenerys é a escolhida, é Azor Ahai. Realmente, faz todo o sentido, mas não faz também sentido que Jon Snow seja Azor Ahai? E não fazia sentido que tivesse sido Stannis, ou Beric Dondarrion?
Esta nova Melisandre, chamada Kinvara, parece tão convencida da sua razão como a anterior, e faz uma demonstração dos seus poderes ao falar a Varys do seu passado, do momento em que foi feito eunuco. Mas será isto uma prova da sua clarividência ou da sua inteligência e capacidade de recolher informações antes de uma reunião? Espero que Kinvara sirva o seu propósito de consolidar a fé das pessoas de Meereen na sua rainha e de manter a obediência do povo, mas também esperava que Melisandre cumprisse o seu propósito de aconselhar Stannis, e todos vimos como isso acabou para Stannis e para a sua família.
O plano do novo rei das Ilhas de Ferro, Euron Greyjoy, também me pareceu interessante – vai tentar seduzir Daenerys com uma frota de navios e conquistar com ela os Sete Reinos. No aperto em que ela se encontra, até me parece provável que venha a dizer que sim! Euron, de resto, é absolutamente louco, uma personagem instável com distúrbios de grandiosidade. Agora que Yara e Theon foram forçados a fugir, para onde poderão ir? Já agora, toda a cena do Kingsmoot, que nos livros é uma cerimónia enorme e muito detalhada, pareceu-me feita à pressa, e parece-me que essa pressa diminui na série a importância da sociedade e das tradições das Ilhas de Ferro.
Houve uma coisa que me incomodou imenso no episódio de hoje, e que continuo a pensar se será realmente uma instrução dada por George R. R. Martin ou se será uma invenção dos argumentistas da série. Tivemos a “revelação” de que os Filhos da Floresta criaram os Outros, através de um ritual, para poderem pôr fim ao domínio dos Primeiros Homens sobre Westeros.
Mas onde é que tal coisa faz sentido? Se os Outros são os servidores do Mal e da Escuridão, criaturas que vieram do Norte mais gelado e desconhecido, parece-me que teria sido uma opção muito mais elegante permitir que eles fossem realmente isso, servos criados pelo poder do Outro (como os Nazgul criados por Sauron n’O Senhor dos Anéis, que também são, curiosamente, cinco).
Tendo sido criados pelos Filhos da Floresta, serviram muito bem o seu propósito de exterminar os Homens, até que surgiu Azor Ahai, mas estiveram prestes a exterminar também os Filhos, e toda a vida na terra. Mesmo os seus criadores são impotentes contra eles – parecem ser uma experiência que ficou fora de controlo. Parece-me demasiado simples e fácil, e penso que retira algum do impacto ao verdadeiro horror que são os Outros e o exército dos mortos.
O Bran fez, neste episódio, erros tão crassos, que penso que irão mudar a sua personagem completamente. Já antes tínhamos falado nestas discussões sobre a imaturidade do Bran e os poucos progressos que parecia estar a fazer nos seus treinos. Agora, essa imaturidade levou-o a querer ter uma visão, ir para outro sítio, simplesmente porque estava aborrecido. Mas ele ainda não compreende como funcionam os seus poderes e ainda não sabe controlá-los, e acabou por ir ter à boca do lobo.
Aquele que parece ser o chefe dos Outros – “O Rei da Noite”, chamam-lhe, apesar de isso em português ficar muito pouco sério – tem poderes para além daquilo que podemos entender, e vê o Bran, consegue alcançá-lo na realidade ao sentir o seu poder mental. O Corvo de Três Olhos sabe imediatamente que os Outros virão atrás do Bran, que descobriram, devido a um erro, a sua localização, tão bem guardada em segredo durante milhares de anos. Enquanto Meera e Hodor se preparam para fugir, Bran e o seu professor, por alguma razão, vão espreitar uma cena da infância do pai (quando ele se despede da família para ir viver com Jon Arryn no Ninho de Águia) que parece não ter a mínima relevância. E quando o inferno se abate sobre eles, Bran não consegue sair da sua visão!
É claro, para todos, que a cena mais emocionante do episódio foi a da morte de Hodor, e do momento em que descobrimos o que lhe aconteceu. Eu assumi que o Bran podia entrar na mente do Hodor por ele ser da maneira que é, e ter algum distúrbio mental. Mas afinal o Hodor é da maneira que é exactamente por o Bran ter entrado na mente dele! Por ele ter controlado a sua mente enquanto estava numa recordação que envolvia o Hodor, nesta altura ainda chamado Willis, os poderes do Bran parecem ter confundido as coisas e tentado penetrar a mente do Willis do passado. Isto deu-lhe um vislumbre do seu futuro, que foi o suficiente para o enlouquecer, e sabemos finalmente o que significa a única palavra que ele tem sido capaz de dizer desde então e que começaram a usar como seu nome.
A morte de Hodor é terrível, extremamente injusta. Foi mudado completamente, roubado do futuro normal que poderia ter tido, por ter sido tocado pelo poder mental do Bran na sua adolescência. Agora, na idade adulta, um homem simples sem capacidade de racionalização, morre uma morte horrível a tentar defender as únicas pessoas que lhe restam.
Os erros do Bran saíram-nos caros neste episódio. Agora que o Corvo de Três Olhos morreu, o Bran já não terá um professor que o ajude. Talvez o choque de tudo isto seja o necessário para o fazer finalmente crescer.
Achas que o Hodor será tornado num wight, e que o veremos a integrar o exército dos mortos? Achas que o Bran conseguirá fugir?
-
Daniel Álvares
-
inês
-
Daniel Álvares
-
Sofía Galego Silva
-
Sofía Galego Silva
-