“Thirty-Nine Graves”
Finalmente, no penúltimo episódio da temporada, chegamos a Fillory, mas não poderíamos ter previsto que os primeiros a chegar seriam o Quentin e a Julia. Este é apenas um dos perigos inesperados e reviravoltas do episódio desta semana de The Magicians. Por um lado, temos sentido que uma história sinuosa e caótica mas, por outro, este episódio pareceu propositadamente confuso. De alguma forma, a aleatoriedade dos vários encontros encaixaram muito bem com o desespero global que compunha toda a batalha com a Fera.
O Dean Fogg foi forçado a revelar que a missão consistiu em muitos loops de tempo repetidos, todos que falharam com a Jane Chatwin a tentar variáveis diferentes para preparar a equipa escolhida para a batalha. A variação neste 40º round (estamos no 40º e último, já que a Jane, que os manipulava, morreu) foi a rejeição de Julia em Brakebills, como uma estratégia de torná-la mais forte, fora dos limites da “magia institucionalizada”! A sua aceitação pacífica deste facto e a sua reconciliação com o Quentin foram surpreendentes, e a prova de que agora a Julia encontrou a paz em mesma.
Embora a forma instável em que o enredo da Julia é contado tenha levado muitas vezes à confusão e desinteresse, também deixa muito para a imaginação do espectador, o que algumas pessoas podem gostar.
Todo o enredo à volta da deusa é dúbio. Parece demasiado fácil que a Nossa Senhora (Our Lady Underground) conceda assim desejos a todos do nada. Não percebo como é que isso interliga com a filosofia de que todas as acções têm consequências. A lição não é aceitar que algumas doenças não podem ser curadas, que algumas decisões não pode ser revertidas? Não joga bem depois os membros do Free Trader Beowulf terem todos os desejos concedidos para reverter todas as coisas horríveis nas suas vidas. Cá para mim a Nossa Senhora não é só o que até agora aparenta. Ainda menos quando se encaixam mais umas cenas de sexo descabido da Julia com o Richard.
Ainda assim, a Julia amadureceu e cresceu tanto ao longo de toda a temporada, e sentimos que foi recompensada por todos os problemas com uma nova tranquilidade e domínio sobre a magia. E parece ter amadurecido mais que o amigo, que já teve muitas experiência falhadas ao tentar usar magia para resolver todos os seus problemas, mas ainda não parece compreender que a magia não é algo fácil e não resolve tudo. A Julia, pelo menos, sabe que tudo o que vale a pena alcançar exige dedicação e trabalho árduo.
Apesar de tudo isto, não há nenhuma recompensa narrativa para os avisos ameaçadores entregues por personagens com quem a Julia e a Kady se foram cruzando até chegarem à deusa, tais como o Lamia, que tomou a forma da mãe da Kady, ou o homem latino-americano neste episódio.
Vamos ter que ver se algo acontece no final da temporada na próxima semana.
Falando do Quentin, a sua história começa a fazer mais sentido, ainda que trôpego, desde o lidar com o sexo de vingança da Alice com o Penny (a sério? não havia mais ninguém? num grupo de amigos têm de dormir todos uns com os outros?), à visita à biblioteca de Neitherlands. As revelações que fomos tendo foram, no entanto, valiosas, especialmente a interligação entre a viajante presa pela Fera, Victoria, e os alunos de Brakebills desaparecidos há 2 anos, que aparentemente decidiram fazer umas férias da Páscoa em Fillory. A bibliotecária percebeu claramente o loop de tempo referido pelo Dean Fogg, e a referência à encarnação anterior de Margo como Janet (o nome da personagem nos livros) foi também misteriosa.
O ainda danificado (e constantemente drogado) Eliot não consegue resistir a comer uma cenoura alucinogénica (sim, leram bem, e também havia maçãs com sabor a pizza). Depois, lê o livro da vida do seu ex (Mike) e queima-o de seguida, conseguindo a expulsão de todo o grupo da biblioteca. O Penny não fica contente, porque ainda precisava de estudar mais como viajar em grupo, e por isso os quatro têm de seguir “a pé”, com um género de manto invisível do Harry Potter. Só que, claro, o Eliot estraga, mais uma vez, o feitiço, e são obrigados a pôr em prática os feitiços de magia de batalha que tanto treinaram… e sem recurso às garrafinhas das emoções!
Conseguem chegar à fonte que os leva a Fillory, juntamente com o Josh Hoberman, o aluno dessa turma desaparecida que encontraram, e que sabia qual era a fonte certa. Mas primeiro chegam o Quentin e a Julia, e não foi ainda que vimos, neste episódio, todos juntos finalmente em Fillory. A magia que levou o Quentin e a Julia a 1942 para conseguirem seguir a Jane Chatwin e ver onde era o portal para Fillory pareceu quase demasiado fácil, e o facto de terem chegado primeiro que os outros, que sofreram e investigaram tanto para lá chegar, um bocadinho injusto.
Mas é o resultado final e o destino final que importam. Obviamente, o final da temporada terá lugar em Fillory e terá de incluir uma batalha com a Fera, ainda que eles pareçam muito aquém do nível que teriam de magia que lhe poderá fazer frente. Numa nota mais sentimental, será que o Quentin e a Alice acabaram mesmo de vez? Será que o Eliot e a Margo vão reatar a amizade? Onde raios foi parar a Kady?
Achas que a batalha com a Fera vai acontecer já no próximo episódio, ou fica para a próxima temporada?
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Yago Rosa