“XXIV.”
É por isto que eu adoro Velas Negras. Que episódio delicioso!
Velas Negras funciona porque o desenvolvimento de personagens é muito forte e porque sabe gerir muito bem os micro conflitos que acontecem no meio dos grandes conflitos. Este episódio foi o espelho disso. Tivemos grandes eventos, tais como o Flint contra Teach, traição do Vane, e Rackman e o ouro dos espanhóis. Mas no meio disso tudo tivemos a essência de Velas Negras. Os micro conflitos. Silver, Mr. Scott, Rackman e Vane tiveram de gerir os conflitos dentro de si. A escrita, as acções, o desenvolvimento, foi tudo perfeito.
Silver ficou para trás por causa da sua perna. A conversa entre ele e a filha de Mr. Scott foi muito boa. No mundo dos piratas nunca se pode mostrar fraqueza. Os fracos ficam para trás e só sobrevive quem é forte. Silver sabe disso, sabe que o respeito vem da força que demonstramos, da imponência. É preferível tudo a mostrar fraqueza. Deixar-se sucumbir pelas curas de indígenas é mostrar fraqueza. Mas Silver não consegue mostrar força se não se consegue levantar. Muito interessante que mesmo quando aceita as curas, recusa-se a tomar ópio ou pôr algo na boca para morder. Nunca mostrar fraqueza!
Mr. Scott não é nenhum parvo. Sabe reconhecer as qualidades de Flint e Silver (que cada vez são mais iguais), sabe reconhecer a importância que os dois têm no que irá acontecer mas também sabe que é cada um por si. Nunca se deve confiar a 100% num pirata. Estudar os inimigos ao máximo. Neste momento o inimigo são os britânicos, amanha podem ser os próprios piratas.
Flint encontra Teach com uma facilidade quase impossível. Não sabemos quanto tempo teve no mar mas pareceu-me demasiado fácil. Flint é um oportunista. Está a usar os indígenas porque precisa de homens, foi atrás de Vane porque precisa dele. Flint sabe manipular tudo e todos. Vane deixou tudo para trás, os homens traíram-no, Nassau perdeu-se, finalmente era livre do fardo de ter que defender um pedaço de terra. Flint chegou e conseguiu dar-lhe a volta num instante. Tudo bem que Flint não estava 100% convencido mas mais uma vez caiu nas balelas de Flint. Teach sabe disso e relembrou o que aconteceu no passado. Flint é sempre cheio de planos e consegue sempre concretiza-los, seja de uma maneira ou de outra. Mas as pessoas à sua volta não têm tanta sorte. Eu acho que Vane é consciente disso, tal como é Billy.
Não vai ser a última vez que veremos Teach. O Barba Negra tem de ser mais aproveitado e sendo ele o Barba Negra, o pirata mais temido dos mares, ainda estou à espera que ele demonstre que corresponde às expectativas. Até agora deixou muito a desejar.
Tenho de admitir que Rackman já não é nenhum otário. Eu pensava que ele ia voltar a Nassau, ia ser preso e o ouro recuperado. Duas dessas coisas aconteceram mas na terceira deu-se uma reviravolta digna de um génio. Rackman já não é aquele puto mimado que não faz nada de jeito. Eu sei que ele tem vindo a crescer muito como personagem mas só hoje mereceu o meu respeito. Rackman foi genial. Ele encontrou o seu caminho, o seu propósito na vida. Rackman quer deixar a sua marca (tal como queremos todos), quer ser lembrado como alguém importante, e preocupa-se genuinamente com Nassau.
Todos em Nassau parecem muito felizes. Mas é uma felicidade falsa, uma falsa sensação de protecção e paz. Ninguém ali é verdadeiramente feliz. Rackman sabe isso e se Nassau tem de ser dizimada para renascer das cinzas ele está disposto a isso. Quem fica em muitos maus lençóis é Woodes e Eleanor. Acredito que os espanhóis são os grandes vilões desta temporada. No final prevejo uma de duas coisas. Ou os piratas (Flint, Vane) juntam-se aos britânicos para combater os espanhóis. Ou teremos uma batalha de três exércitos. Das duas uma. Ou será épico, ou será épico.
Esta temporada arrancou muito morna mas está a aquecer. Estou cada vez mais mergulhado em Velas Negras.