Os Deuses do Egipto
Gods of Egypt
Aventura, Fantasia
M/12
25 de Fevereiro de 2016
EUA | 2016
126 min
Uma história misteriosa sobre um comum ladrão que se junta a um Deus mítico numa jornada pelo Egipto.
Alex Proyas
Matt Sazama, Burk Sharpless
Nikolaj Coster-Waldau, Gerard Butler, Geoffrey Rush, Courtney Eaton, Brenton Thwaites
Imaginem:
Com todo o foco recente em filmes de super-heróis, uma reimaginação da mitologia clássica pegando nos panteões de Deuses e transformando-os em super-heróis e super-vilões, utilizando todos os tropes desse tipo de filmes.
Parece uma boa ideia?
Sim, também concordo que parece uma boa ideia, e até admito que tenha sido essa a ideia por detrás de Os Deuses do Egipto. Infelizmente Os Deuses do Egipto não é um filme de super-heróis com deuses egípcios. Em vez disso é uma colecção meio solta de ideias que talvez pudessem ter sido boas?
Deixem-me tentar explicar.
A história do filme está por todo o lado. Por um lado há o enredo principal entre os ditos Deuses, que começa com Set (Gerard Butler) a matar Ra e a roubar o trono a Horus (Nikolaj Coster-Waldau) com demasiada facilidade e sem aparente motivação para além de “querer governar” e fazer com que a entrada para a vida eterna tenha de ser paga com ouro! Isto é estúpido porque não funciona nem como metáfora para a crise económica actual e como motivação é semelhante à dos vilões de capa negra, cartola e a cofiar os bigodes que atavam donzelas aos carris dos comboios.
Ao mesmo tempo há um enredo paralelo de duas personagens mortais, Bek (Brenton Thwaites) e Zaya (Courtney Eaton) cuja relação romântica não é de todo explorada, completamente forçada e que serve de motivação para que Bek, a versão barata do Príncipe da Pérsia, tenha alguma coisa para fazer.
O filme acaba por se desenvolver um bocado como um buddy-movie mitológico com Horus e Bek a terem de unir forças para conseguirem atingir os seus objectivos respectivos. Aparentemente há também uma tentativa dos escritores de fazerem um conflito sobre o facto de os Deuses não respeitarem os mortais, mas também essa temática é superficialmente explorada e soa a falso.
As complicações e personagens vão sendo introduzidas sem nenhuma preparação ou construção de tensão, e quando de facto surgem complicações ou problemas, nenhuma das personagens parece particularmente preocupada com isso.
A sequência final até consegue ser mais ou menos épica, mas como eu já disse não há nenhum tipo de build-up até se chegar lá, e a resolução final do conflito é literalmente um acto de Deus.
Os diálogos são aborrecidos e maioritariamente expositivos, e as personagens secundárias são desinteressantes e superficiais.
As interpretações não são melhores.
Brenton Thwaites e Courtney Eaton fazem duas péssimas interpretações, com ele a soar forçado e falso, e ela completamente monocórdica e aborrecida. Nikolaj Coster-Waldau, Gerard Butler e Geoffrey Rush (que também aparece lá pelo meio) estavam todos a precisar de uma terceira piscina, portanto nem sequer se esforçam por tornar a interpretação interessante.
Visualmente o filme também não é consistente. Apesar de alguns dos cenários, monstros gigantes e sequências de acção terem bom aspecto e serem envolventes, as coreografias das lutas são exageradamente exóticas e abusam da câmara lenta, e Horus e Set têm o poder de se transformar na sua forma divina que parece um boneco de plástico barato inventado para vender bonecos de plástico barato.
Outra decisão visual que me irritou foi o terem definido que os Deuses seriam muito mais altos que os mortais. Apesar de eu perceber que o objectivo disso era tornar os Deuses mais imponentes e intimidantes, mas a única coisa que consegue é pôr os mortais a parecerem Hobbits.
Pior que tudo isto, o filme é aborrecido. Por vezes neste tipo de situações eu até tenho mais tolerância para erros técnicos ou de escrita se pelo menos o filme conseguir ser espalhafatoso e barulhento o suficiente de maneira a manter-me entretido o suficiente para não reparar em pormenores.
Mas nem isso o filme consegue fazer. Não consegue ser divertido.
Estranhamente, este filme foi realizado pelo Alex Proyas que, dado ter anteriormente realizado O Corvo, o Eu, Robot, e o Cidade Misteriosa, também devia estar a precisar de uma terceira piscina.
O que é que Os Deuses do Egipto poderia ter sido, se fosse bom?
Alguns efeitos especiais e monstros gigantes
A escrita
As personagens
As interpretações
Os efeitos especiais
É aborrecido