The Boy - Segue as Regras
The Boy
Thriller, Suspense
M/14
03 de Março de 2016
EUA, China, Canadá | 2016
97 min
Após Greta (Lauren Cohan) ter aceite trabalhar como ama de um rapaz de 8 anos, fica chocada ao descobrir que fora contratada por um estranho casal de idosos para tomar conta de Brahms, um boneco de tamanho real que tratam como uma criança. Um substituto do filho que perderam tragicamente 20 anos atrás, Brahms é-lhe entregue com uma série de regras que Greta terá que cumprir à risca. Só, na enorme mansão enquanto os seus patrões partem para umas ansiadas férias, Greta ignora as regras enquanto começa a namorar Norman (Rupert Evans), o homem que faz as entregas. Mas uma série de eventos inexplicáveis acabam por convencer Greta da presença de forças sobrenaturais. E à medida que procura desvendar o mistério, Greta é confrontada com um enredo totalmente inesperado que irá agarrar os espectadores até ao último momento.
William Brent Bell
Stacey Menear
Lauren Cohan, Rupert Evans
Antes de começar esta crítica tenho de confessar uma coisa: lembro-me que quando tinha 8 anos e vi o trailer do Brinquedo Assassino (1988) com o famoso Chucky, e não dormi bem umas quantas noites. Isto só de ver o trailer. Desde essa altura o meu medo por bonecos é semelhante ao do Marshal Erikson do Foi Assim Que Aconteceu, e tenho sistematicamente evitado ver filmes de terror que envolvam bonecos. Portanto levem isto em conta durante a crítica deste filme.
Há muitos filmes de terror, mas poucos filmes de terror muito bons. Isto acontece porque nas últimas décadas o cinema de terror tornou-se formulaico e previsível, raramente saindo da sua zona de conforto e dos seus tropes habituais. Há uns anos vimos um aumento da popularidade de filmes de terror orientais exactamente porque fugiam bastante às histórias a que estávamos habituados no cinema de terror ocidental, mas mesmo esses entretanto perderam muita da sua novidade.
O The Boy – Segue as Regras conta a história de uma jovem rapariga que vai para uma casa isolada no campo britânico, contratada por um casal de idosos que estão convencidos que o seu filho é um boneco de porcelana. Quando ela está sozinha com o boneco, começam a acontecer coisas estranhas e assustadoras. Até há a típica personagem que só vem à casa esporadicamente e que começa a preocupar-se que a personagem principal esteja a enlouquecer porque está a ver coisas, quando ele próprio nunca testemunha nada de estranho.
Isto é a mesma premissa de uma data de outros filmes de terror que estamos fartos de ver, portanto nada de original por aqui. Até temos as cenas clássicas dos filmes de terror em que a nossa jovem protagonista apanha sustos em trajes menores, e foge subindo pelas escadas acima em vez de na direcção da porta da rua. Há mais uns quantos pormenores de escrita que parecem bastante forçados, especialmente o facto de a personagem principal aceitar a bizarria da situação com demasiada facilidade, e simplesmente começar a acreditar em forças sobrenaturais quase de um momento para o outro.
No entanto o filme consegue introduzir alguns elementos narrativos nesta história batida que não são os mais habituais. Não vos vou estragar quais são, porque até é mais divertido tentar perceber de que maneira esta história se desvia dos enredos clássicos com esta premissa.
O ritmo do filme evolui muito bem. Começa de uma forma lenta, dando imenso tempo para que a atmosfera assustadora e o tom desconfortável do filme se estabeleçam, e não se apressa demasiado a introduzir os elementos de terror. À medida que a história avança o ritmo vai acelerando mais até ao clímax. Dito isto, não há assim nada de especial ou particularmente criativo, está simplesmente competente.
O terror do filme, como habitual, varia entre os sustos inesperados (fáceis e preguiçosos) e os momentos de creepiness sustida (difíceis de conseguir bem). Estes últimos são poucos, mas os que existem estão muito bem conseguidos e são mesmo mesmo assustadores (ver nota inicial).
Temos a Lauren Cohan de The Walking Dead a fazer de protagonista e o Rupert Evans, que eu não via desde o Hellboy, a fazer da personagem que aparece uma vez por semana. Apesar de terem interpretações meramente competentes, a verdade é que carregam o filme inteiro sozinhos, e isso merece ser valorizado.
Ao fim do dia, os filmes de terror acabam por ser quase todos a mesma coisa e desde que não cometam muitos erros vão sempre atingir o efeito pretendido.
O melhor que posso dizer de The Boy – Segue as Regras é que não comete muitos erros, consegue fugir um bocadinho à fórmula habitual, e que eu agora vou passar umas noites a dormir mal a imaginar que há um boneco no meu quarto à noite.
Tens tanto medo de bonecos maléficos como eu?
Umas reviravoltas engraçadas
Um ou dois momentos muito assustadores
A escrita é forçada por vezes
É muito semelhante a todos os outros filmes de terror que já viram antes