“The Team”
Vamos combinar uma coisa. Em cada nova discussão de episódio vamos simplesmente assumir que é o melhor episódio da série até esse momento, e que eu tenho um ataque histérico de entusiasmo sobre quão bom o episódio é, e digo meia dúzia de coisas semi-pretensiosas sobre ritmo e estrutura narrativa e essas coisas de que eu gosto de falar.
Dito isto.
Ó MEU DEUS A DAISY VIROU-SE CONTRA A EQUIPA!!!!
Eu não estava nada à espera disso! Nada! Já desde há várias semanas que na internet toda a gente andava a especular que o Lincoln tinha sido infectado pelo Hive quando eles se tinham cruzado no edifício da Transia. Durante todo este episódio quando o Hive diz “Now we have someone on the inside” eu pensei logo que fosse o Lincoln, depois durante o episódio houve vários momentos em que o Lincoln está a comportar-se de maneira estranha, e eu convenci-me ainda mais disso. Depois eles acusam-no abertamente de estar a ser controlado pelo Hive, e eu pensei “pronto, o pessoal do Reddit acertou outra vez!”.
Mas depois, vindo do nada, a Daisy começa com aquela conversa extremamente assustadora de fazerem uma coisa nova só os dois, e de ter finalmente o vazio dela preenchido! Foi tão, tão poderosa essa sequência.
Raios que esta série está bem escrita. Se eu e a internet andávamos a suspeitar do Lincoln não foi por acaso. Foi porque os escritores deixaram essas pistas em aberto exactamente para nos desviar a atenção. E conseguiram espectacularmente bem!
Isto é um desenvolvimento tão grande e inesperado para a série! Dá tanta complexidade a estas personagens.
Porque a Daisy não levou propriamente uma lavagem cerebral do Hive. Continuamos a ver ali a personalidade e os maneirismos dela, ela não se transformou num robô controlado à distância. Ficamos na dúvida sobre se há ali de facto algum controlo verdadeiro ou directo, ou se o efeito da influência do Hive é simplesmente assim tão poderoso.
É absolutamente brilhante que o Hive tenha chamado Skye à Daisy! Era o que o Ward lhe chamava quando estava apaixonado/obcecado por ela. É extremamente inteligente que não nos seja explicado claramente até que ponto o Hive substituiu inteiramente a personalidade do Ward, ou se simplesmente é alguma coisa que está no subconsciente do Ward a controlá-lo e a movê-lo na direcção que quer. Ou se por outro lado o Hive é simplesmente uma amálgama de todas as pessoas que possuiu ao longo dos séculos.
E no fim, quando a Daisy está a destruir a base da SHIELD com os seus poderes… Pela primeira vez temos uma noção mais clara de realmente quão poderosa ela é, e ver isso enquanto ela destrói a base e a equipa que a acolheu é particularmente impressionante.
Essa traição é mais marcada ainda porque momentos antes tínhamos visto o Coulson, a figura paterna da Daisy, a confortá-la e a dizer-lhe que a pior coisa para uma equipa era a perda de confiança. E depois não só a Daisy o trai a ele, como vai voltar para a outra personagem por quem o Coulson nutria sentimentos paternais e que também o traiu.
E afinal qual é verdadeiramente a importância daquele artefacto Kree que eles recuperaram? O que é que se passa acerca disso? E porque é que ela leva cristais de Terrigen com ela?
Porque vejam a coisa desta maneira. No episódio anterior eu estava convencido que este episódio ia ser uma grande luta da equipa dos Secret Warriors a resgatarem os outros membros da SHIELD, e que a série ia prosseguir com um aumento da tensão entre os Inhumans e os Humanos, paralelamente às tensões que se adivinham para o Capitão América: Guerra Civil, enquanto perseguiam o Hive.
Mas não, o resgate é despachado nos primeiros 10 minutos, seguindo-se de uma das melhores construções de tensão e suspeita que eu já vi nesta série. Adorei a maneira como a suspeita e a desconfiança entre todas as personagens foi montada subtilmente durante a primeira metade do episódio. Sobretudo depois quando eles não sabem quem é que foi infectado, e estão todos a desconfiar de todos, o desconforto e a insegurança foram extremamente bem transmitidos. Muito reminiscente de Veio do Outro Mundo (1982).
De repente temos os Secret Warriors outra vez desestruturados, base da SHIELD destruída, e a personagem principal transformada numa vilã. A narrativa avança incrivelmente depressa, não perde tempo com coisas previsíveis e muda radicalmente o conflito de forma extremamente orgânica e inesperada! Brilhante!
E quem mais é que achou que finalmente o Lincoln se tornou numa personagem interessante? Acho que este foi o primeiro episódio em que eu realmente gostei da personagem dele, exactamente porque não estava inteiramente definido pela sua relação angustiada/forçada com a Daisy. Agora quero ver mais do Lincoln.
Gostei tanto mas tanto do Gideon Mallick neste episódio. Como prevíamos ele no fim dá por si a colaborar com a SHIELD. Mas a maneira como o Coulson o convence a fazê-lo, apelando não à moralidade, não ao dever, mas sim à raiva e à vingança, fazendo-o relacionar a perda da filha com a sua própria perda da Rosalind, é excelente. É, na realidade, a única motivação credível para o Mallick mudar a sua aliança, e torna-o muito mais humano.
Por outro lado, mostra-nos que o Coulson continua muito atormentado pela perda da Rosalind, transtornado pela sua decisão de matar o Ward, mas que ao mesmo tempo não perdeu a clareza de mente que lhe permite usar essas emoções para manipular um dos seus maiores antagonistas até agora.
E tenho de admitir que fico exageradamente emocional sempre que o Fitz e a Simmons desenvolvem a sua relação. Os momentos com eles neste episódio foram tão giros! A cena em que estão a fazer a autópsia do corpo é muito reminiscente de uma cena semelhante na primeira temporada em que também estão a autopsiar alguém, e o Fitz também está nauseado, e o diálogo entre eles é divertido e gozão. E depois beijam-se e eu fico tão feliz com isso!
Adorava fazer especulações acerca de para onde a série vai a partir daqui mas, honestamente, com tudo o que aconteceu e mudou neste episódio, não faço mesmo ideia nenhuma. O suspense é terrível. Espero que dure.
O que achas que vai acontecer nos próximos episódios?
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RG.