Death Parade
Mistério, Psicológico, Drama, Horror
M/16
Japão | 2015
12 episódios
Após a morte, os humanos acabam ou sendo enviados para o vazio ou reencarnados. Para alguns, no momento da sua morte, chegam a Quindecim, uma espécie de limbo onde situa-se um bar gerido pelo misterioso Decim. Este desafia-os para um jogo mortal, onde apostaram as próprias vidas e revelaram as suas verdadeiras naturezas. O próprio Decim decidirá quem ganha ou perde, quem será enviado para o vazio, ou quem será reencarnado.
Bem vindos a Quindecim, o meu nome é Decim e serei o vosso anfitrião.
Após a morte, os humanos acabam sendo enviados para o vazio ou reencarnados. Para alguns, no momento da sua morte, chegam a Quindecim, uma espécie de limbo onde se situa um bar gerido pelo misterioso Decim. Este desafia-os para um jogo mortal, onde apostam as próprias vidas e revelam as suas verdadeiras naturezas. O próprio Decim decidirá quem ganha ou perde, quem será enviado para o vazio, ou quem será reencarnado.
Death Parade começou por ser uma curta-metragem no festival Mirai 2013 chamada Death Billiards. Obviamente, nessa curta-metragem o único jogo foi um jogo de bilhar. Em Death Parade tudo é mais expandido, até diria mais intenso e por vezes perturbante, porque embora tenhamos mais jogos, esses estão longe de serem divertidos. Numa série criada sobre a raiz da morte e a fragilidade humana, podemos ver uma evolução das personagens principais com base nisso. A maioria dos episódios são simples: dois humanos chegam a Quindecim, e lá irão participar num jogo ao acaso, que julgará como viveram as suas vidas terrenas. Durante esse jogos, Decim explora ao máximo os seus participantes a nível psicológico, não fosse estar acompanhado por uma jovem amnésica, de cabelos negros. Ela faz com que o Decim, outrora um Arbiter, um ser que não desenvolve emoções e é totalmente imparcial, não só desenvolva interesse pelo passado dela, como também que pare de ver os humanos como meras ferramentas. Death Parade pode ser considerada uma série episódica, uma vez que não existem arcos e toda ela é construída numa base de temas, que são expandidos com as personagens envolvidas. Encontramos de tudo nesta série, desde um Neet, a um homem de negócios e uma senhora idosa. As personagens são desenvolvidas em temas como a vingança, o isolamento e até mesmo a justiça, este último visto de um modo menos habitual e mais negro, como passo a explicar.
Um jovem chega a casa e encontra a irmã, que foi brutalmente mutilada e violada por um bando de homens. Esta apenas diz:
Quando fui violada vi três homens.
O jovem parte então numa demanda por vingança, onde mais tarde ficamos a saber que o terceiro homem nem estava envolvido na acção, mas simplesmente parado a olhar e, o mais perturbante de tudo, ele era um detective. O detective Tatsumi acaba morto, juntamente com o irmão da rapariga e, já em Quindecim, reforça a ideia de que, para haver justiça, tem de haver mal para a julgar.
Mas Death Parade não vive só de jogos mortais. Por trás de tudo temos várias questões que com o passar do tempo vão sendo respondidas. Quem é realmente aquela rapariga de cabelos negros? Porque está lá? Porque é que temos não só Decim, mas também outros Arbiters? Qual é o propósito daqueles manequins arrepiantes?
Numa série focada em personagens, não é surpresa que cada uma delas tenha destaque. Essas personagens podem ser outros Arbitrers como Nona, acho que agora reformada (não chegamos a saber exactamente), Clavis, Castra, Ginti e finalmente Oculus, um Arbitrer que está lá para impedir que os demais desenvolvam emoções. Já outras personagens, como Mayu, uma rapariga que está morta de paixão por Harada, um ídolo, estão presentes apenas para criar um ambiente cómico, criando mais equilíbrio e contrastando o bar de Decim. No bar de Ginti, ao invés de cores sombrias e misteriosas como o roxo, temos luzes, cores mais quentes e um ambiente mais festivo e animado. Outro aspecto bastante bem conseguido em Death Parade é a química entre personagens e espectador. A estrela do show aqui são os participantes. Aparentemente todos os jogos começam normais e inofensivos, mas no decorrer destes, são revelados os segredos mais imundos das suas vidas terrenas e revelando também a verdade perante todos. Por vezes Decim tem de parar o jogo, fazendo com que nós, um público passivo, possamos também entrar na acção, determinar e acreditar se realmente a história, e acima de tudo, o desfecho seja o mesmo que Decim decidiu. Um dos melhores exemplos é logo no inicio, quando no segundo episódio temos um recapitular e outro ponto de vista por parte da companheira de longos cabelos negros de Decim. No episódio anterior tudo foi propositadamente encoberto, como as caras nos elevadores, para que nós, espectadores, possamos questionar.
Madhouse é sinonimo de qualidade na indústria anime. Depois de Hunter X Hunter e de Parasyte, que acabou há pouco tempo, brindam-nos com esta fantástica obra. Como já referido acima, o jogo de luzes e contrastes presente em Death Parade é fenomenal, em ambientes alegres cores vibrantes e quentes, e em ambientes misteriosos a predominação da cor roxa. Toda a animação é cuidada e muito fluída, especialmente durante os jogos onde as expressões são retratadas com exactidão, se bem que por vezes de um modo exagerado. Como estamos a falar da retratação de seres humanos, talvez a mensagem que o estúdio Madhouse pretenda transmitir seja de um ser humano tanto simples como complexo, um tanto calmo como a ferver em pouca água. Talvez o maior contraste em Death parade seja a própria abertura, com o tema Flyers de Bradio, um autêntico 360 de tudo o que representa a série, no qual vemos todos os habitantes de Quindecim a dançar e divertir-se ao som de uma enérgica música. No encerramento temos o tema Last Theater, uma melodia mais melancólica e negra, por vezes com imagens diferentes, dependendo do jogo que foi jogado nesse episódio. O resto da banda sonora é à base de instrumentos e elementos que costumamos ver num bar, como o piano ou a música jazz. Deixo a sugestão de ouvirem a sua banda sonora da qual destaco os temas: Gemu B, VS e Moonlit Night.
Death Parade como um todo dá-nos uma visão da vida, da sua fragilidade, complexidade e, acima de tudo, da sua efemeridade. Uma obra muito ao estilo a que o estúdio Madhouse nos tem brindado ultimamente, um drama psicológico, que tem tanto de cruel como de belo.
Memento Mori.
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Bruno Reis
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Cátia Soares