Heidi
Heidi
Drama
M/6
7 de Janeiro de 2016
Alemanha | 2015
106 min
Heidi, uma menina órfã que vive com o avô nos Alpes suíços, passa os seus dias a desfrutar do melhor a natureza tem para lhe oferecer ao lado do seu amigo Pedro. Até que um dia, a sua tia decide levá-la para Frankfurt e entregá-la aos cuidados de uma família rica, onde Heidi conhece Clara, uma jovem limitada a uma cadeira de rodas.
Este será o início de uma nova jornada na vida de Heidi, dividida entre regressar à casa que tanto ama ou ficar com a sua melhor amiga.
Alain Gsponer
Petra Biondina Volpe
Bruno Ganz, Katharina Schüttler, Jella Haase, Anuk Steffen, Maxim Mehmet, Peter Lohmeyer, Isabelle Ottmann, Hannelore Hoger, Quirin Agrippi
A história de Heidi, uma menina órfã que vive nos Alpes suíços com o avô, foi-nos apresentada em 1881 pelas mãos da escritora Johanna Spyri. O livro conta-nos as aventuras de uma criança que é levada para os Alpes pela sua tia Dete, quem cuidara de si até então. Um emprego promissor em Frankfurt impele-a a abandonar Heidi aos cuidados do avô, um homem solitário e taciturno, que vive no topo das montanhas. Surpreendentemente, a sua severidade começa a desfazer-se em doçura à medida que a relação com a neta se vai fortalecendo. Heidi adapta-se então à vida na montanha e vive imensas aventuras ao lado do seu melhor amigo Pedro. Contudo, numa reviravolta inesperada, Dete regressa aos Alpes para levar Heidi consigo até Frankfurt. Lá, entrega-a a uma família rica que procurava uma companheira para a filha Clara. Longe das montanhas onde cresceu, a pequena Heidi terá de se adaptar a um mundo completamente novo.
Esta é a história de Spyri, já adaptada por diversas vezes para cinema e televisão, sendo algumas adaptações melhor sucedidas que outras, como o anime de Isao Takahata e Hayao Miyazaki, de 1974. Agora, em 2015, Heidi é recontada por Alain Gsponer com o recurso a uma cinematografia deslumbrante (ou não tivesse o filme como pano de fundo principal os Alpes na Suíça), uma bela banda-sonora e atores capazes de transparecer uma série de emoções para o espectador. Efetivamente, as interpretações de Anuk Steffen (Heidi), Quirin Agrippi (Pedro) e Isabelle Ottmann (Clara) foram encantadoras, tendo em conta que são apenas crianças a dar os seus primeiros passos no mundo do cinema. A ternura de Steffen reflectiu-se ao longo de todo o filme, conferindo a Heidi uma alegria e espontaneidade contagiantes; Agrippi foi uma boa escolha para dar vida a Pedro, um rapaz cobiçoso e despreocupado; por fim, foi incrível como Ottmann concedeu uma personalidade vincada à sua personagem, baloiçando entre momentos de doçura a picos de raiva, mostrando a tristeza em que Clara vivia por se sentir sozinha. Em adição, não poderia deixar de referir Katharina Schüttler, brilhante no papel da ríspida governanta Rottenmeier, responsável pelo bem-estar e educação de Clara.
Sendo a adaptação de uma obra literária, a necessidade de condensar a história em hora e meia incentivou a um ritmo apressado. Os primeiros minutos do filme, por exemplo, que usualmente são reservados para apresentar personagens e o enredo, aconteceram numa série de momentos fragmentados. A quantidade de cenas utilizadas para introduzir a história e a passagem de umas para as outras não deixava espaço para descansar, pensar, admirar e, acima de tudo, criar empatia com as personagens. Algumas ações pareciam desenrolar-se depressa demais, assim como certas passagens necessitavam ser prolongadas ou melhor elaboradas dada a sua carga emocional. Não obstante, à medida que o filme avança é criado o ambiente ideal para mergulhar na história e deixar escapar algumas lágrimas.
Outro aspecto visível (e refiro-me especialmente aos minutos iniciais) é o recurso a animação computorizada. Foi desapontante na medida em que um filme tão precioso a nível fotográfico não parecia necessitar de tais artifícios. Felizmente, foram poucos os momentos em que estes detalhes se fizeram notar, não retirando a Heidi a sua essência simples e delicada. Efetivamente, este é um filme que prima pela simplicidade e delicadeza. Quase se sente o cheiro da erva… Quase se sente a leve brisa das montanhas…
Heidi é uma das longas-metragens que merecia ter tido uma melhor divulgação em Portugal. Não só a afluência ao cinema foi mínima como se optou pela dobragem para português (talvez por ser considerada uma película dirigida a um público maioritariamente infantil). No entanto, Heidi merecia ter sido exibida na sua íntegra.
Para quem leu o livro de Johanna Spyri ou viu os desenhos-animados de Isao Takahata, esta película alemã é um reviver das aventuras de Heidi. Uma lufada de ar fresco no meio do turbilhão de filmes americanos com que os nossos cinemas nos bombardeiam.
Preparados para reviver a história de Heidi?
Direção de fotografia;
Personagens bem caracterizados;
As cabras e os gatinhos;
Bela banda-sonora a acompanhar tanto os momentos dramáticos como os cómicos.
Águia feita em computador;
Ritmo acelerado em determinadas ocasiões;
Cenas carregadas de emoção poderiam ser mais elaboradas.