Crítica | The Last Kingdom – 1ª Temporada

The Last Kingdom é a nova série da BBC, cuja primeira temporada acabou de ser exibida nos Estados Unidos na BBC America e no Reino Unido na BBC2, e que consiste na adaptação de Stephen Butchard da obra de Bernard Cornwell, The Saxon Stories.

Situada no ano de 872, a história apresenta as invasões vikings em território hoje conhecido como Inglaterra. Wessex, sob o comando do Rei Alfred (David Dawson), o Grande, é o único reino que resiste aos ataques. A história acompanha o jovem Uhtred (Alexander Dreymon), um nobre que perde o pai num dos ataques vikings. Levado e criado por eles, Uhtred cresce e torna-se um guerreiro. Mais tarde, parte com a missão de conquistar as terras onde nasceu. Enquanto isso, o Rei Alfred enfrenta problemas políticos e religiosos no seu desejo de unificar os reinos e transformá-los no que hoje é a Inglaterra.

O elenco inclui uma mistura de atores britânicos com escandinavos, a maioria pouco conhecidos do público (até agora!): Alexander Dreymon como Uhtred, David Dawson como Rei Alfred, Tobias Santelmann como Young Ragnar, Emily Cox como Brida, Adrian Bower como Leofric, Thomas W. Gabrielsson como Guthrum, Joseph Millson como Ælfric, Simon Kunz como Odda, Harry McEntire como Æthelwold Ætheling, Rune Temte como Ubba, Brian Vernel como Young Odda, Amy Wren como Mildrith, Matthew Macfadyen como Lord Uhtred, e Ian Hart como Padre Beocca.

Acho que depois da chegada de A Guerra dos Tronos, apesar de não ser propriamente uma recreação histórica, este tipo de séries começou a ficar mais na moda e a captar públicos que se calhar antes não se interessavam pelo género. As pessoas perceberam – e quem ainda não percebeu, tem muito a perder – que tudo o que seja série (ou filme) que envolva reis e rainhas normalmente traz por arrasto não só o potencial de roupas e cenários ricos e agradáveis aos olhos (e atores e atrizes giros, que não há cá realeza feiosa na TV) para as nossas necessidades mais fúteis, mas também intrigas políticas (para quem gosta de séries políticas), triângulos (ou outros polígonos mais ambiciosos) amorosos, para os apreciadores de novelas, quem sabe até algum incesto ou pedofilia (para o choque), suicídios e homicídios e com sorte bastante tortura (se gostarem de sangue ou cadáveres), muito sexo (quem não consegue pagar os canais de adultos), etc etc. Só por estes poucos géneros já temos uma audiência potencial vastíssima. Por isso quem cria as séries só tem de ter uma boa interligação e equilíbrio entre tudo para prender os telespetadores.

Em Portugal creio que os livros de Bernard Cornwell não são propriamente uma referência de leitura, mas nos países anglo-saxónicos têm fãs e seguidores em número suficiente para atestar a qualidade das suas histórias. Era, por isso, de esperar, que a adaptação à televisão fosse minimamente cativante, e a BBC não é também propriamente novata em recreações históricas.

A pertinência do tema dos vikings pode ser discutível para algumas pessoas (no fundo quem não for ultra viciado como eu), dado que ainda corre a série Vikings do canal História (ainda que de ano a ano com esperas só equiparáveis também à A Guerra dos Tronos), e ainda por cima serem os dois baseados em livros que são mais ou menos relatos históricos. Ainda por cima (novamente) as histórias cruzam-se, e a família do Ragnar aparece nas duas séries, sendo que em The Last Kingdom já vai mais à frente umas gerações, ou seja, existe todo um potencial de spoilar as próximas temporadas de Vikings.

MAS mesmo com todos estes disclaimers, vejam. A temporada e apresentações foram feitas tão rapidamente que não têm de perder um primeiro episódio inteiro a engonhar como em Vikings, os atores são jovens, giros e talentosos, e o enredo parece correr muito mais depressa e com mais tensão permanente do que pelo menos as primeiras temporadas de Vikings ou a maioria das séries. Talvez consiga também ir ainda mais além no que toca aos limites (quase inexistentes) da violência, não só física como psicológica, mas consegue encaixar na mesma linha momentos de humor! A personagem principal, Uhtred of Bebbanburg, vive em constante dilema sobre que cultura assumir, se a saxónica se a viking, e vocês próprios vão ver-se permanentemente em dilema sobre com qual simpatizar e torcer.

Não posso deixar de mencionar também o poder que o guarda-roupa e a caracterização das personagens tem nesta série, com tudo desde as roupas da nobreza às capas peludas estilo Jon Snow dos vikings, os penteados, a maquilhagem, as tatuagens, etc..

Seja a recreação histórica, homens musculados com 2 metros de altura, maminhas de fora ou as paisagens quase sobrenaturais da Irlanda e das Highlands da Escócia e afins o que vos atrai em Vikings, ou até em A Guerra dos Tronos, prometo que esta nova série também não vos irá deixar ficar mal! Basta googlarem um bocadinho para verem o rasto positivo que a série tem deixado pela internet fora, e termino com uma breve amostra disso:

Sentem-se suficientemente seduzidos para ver já esta série?