A Viagem de Arlo
The Good Dinassaur
Aventura, Animação, Comédia
Todos
26 de Novembro de 2015
26 de Novembro de 2015
EUA | 2015
93 min
Saída dos estúdios da Pixar, uma aventura épica pelo planeta Terra ainda povoado por dinossauros e onde estes coexistem como o Homo Sapiens: um Apatossauro chamado Arlo faz um amigo humano improvável. Enquanto juntos viajam através de uma paisagem misteriosa, Arlo descobre do que é realmente capaz.
Peter Sohn
Bob Peterson, Peter Sohn, Erik Benson, Meg LeFauve, Kelsey Mann
Jeffrey Wright, Frances McDormand,Maleah Nipay-Padilla, Ryan Teeple, Jack McGraw, Marcus Scribner, Raymond Ochoa, Jack Bright
Para esclarecimento do público, antes de passar à crítica propriamente dita, clarifico que este é um filme de família – não só para crianças – onde todos vão conseguir saborear esta aventura. De facto, não sei até que ponto as crianças vão conseguir perceber o que se passa em algumas cenas a passar no grande ecrã, tratam-se de situações que são mais claras para o público mais crescido que para os mais novos… espero. Assim, com leituras diferentes, a Pixar consegue preencher a sala de risos – e de lágrimas, já agora.
A Viagem de Arlo conta a história do pequeno apatosauro e do seu humano de estimação Spot, num universo paralelo onde nunca se ouviu falar na extinção de espécies. Até aqui é tudo novo certo? O pequeno e frágil dinossauro vê-se subitamente arrastado para longe da segurança do seu lar e da proteção da sua família, dando assim início ao trama da sua viagem de regresso.
Nessa aventura, Arlo e Spot têm de superar as barreiras que os impedem de comunicar entre si – neste aspeto, as mentes criativas da Pixar conseguem mesmo estampar uns sorrisos e colocar umas lágrimas nos olhos de cada espectador com as suas brincadeiras parvas, fofas, e com a profundidade com que conseguem dizer tudo sem dizerem uma única palavra.
Com um build-up muito bem orquestrado, vemos a amizade entre eles evoluir, e através da lealdade e das suas capacidades para trabalhar em equipa, têm de superar imensos desafios: desde a Mãe Natureza até aos típicos vilões da Disney. Neste caso, os pterodactyls, personagens muito caricatas e espécies muito amadas pelos fãs de dinossauros. Arlo tornar-se-á mais forte através do contacto com essas espécies, aprendendo com elas que o medo não é uma fraqueza.
Começando por pegar na animação, meus amigos e minhas amigas, o que um coração sofre só de ver aqueles cenários híper-mega-realistas, aqueles filtros, as texturas, os detalhes… e sobretudo, aquela água! A Pixar conseguiu mesmo superar tudo e todos para criar um mundo gerado por computador com o ambiente mais foto-realista de que me lembro!
No entanto, para destruir esta conquista descomunal, a Pixar peca no tratamento das personagens, que possuem cores mais planas e texturas muito subtis e quase inexistentes para as crianças se identificarem com elas mais facilmente. No entanto, eu nunca consegui ultrapassar essa pedra no sapato. Dava-me a ideia de que tinham parado o processo de texturização das personagens para despachar o filme – o que até percebo, pois durante os 6 anos de produção de A Viagem de Arlo, esta obra foi tratada como um cancro e esteve quase para ser cancelada depois de mudar por várias vezes de realizador, suportar divergências criativas e diferentes perspectivas de contar a história, que quando comparada com o argumento original, nota-se que sofreu tantas influências de outras obras que é impossível não se tornar previsível.
“Gostámos do filme desde o ínicio, mas… a história tinha algumas falhas fatais que ninguém tinha reparado. (…) Era um tipo de filme muito diferente.” – Jim Morris (Presidente da Pixar)
Pergunto-me então porque é que, em 6 anos, não foram corrigidas essas falhas. A Viagem de Arlo, apesar da criatividade envolvida em repensar um mundo evoluído onde os dinossauros com alguma inteligência conseguem construir e fazer as suas vidas, é um re-imaginar do Rei Leão, não só no tratamento da história, como mesmo a nível de direção, os planos escolhidos vão dar-vos muitos deja-vus.
Contaram-me isto antes de ver o filme e pensei que se não o tivesse ouvido as semelhanças teriam passado despercebidas, mas a verdade é que o filme é um re-imaginar descarado da obra da Disney lançada em 2004, e já agora pegando na Disney e na Pixar, a trama familiar essencial da história então não tem mesmo nada novo para vos contar, só mantêm aquele ambiente da Pixar à lá Ice Age com o mesmo drama de qualquer família Disney.
Adorei todo o trabalho criativo envolvido no projeto, desde os cenários poderosíssimos, à forma como a Pixar consegue sempre encontrar formas simbólicas e criativas de contar tudo sem dizer uma única palavra. Infelizmente, a história é previsível no tema familiar que retrata, mas durante a aventura em si, em que tal é posto de parte em favor da construção da amizade entre Spot e Arlo, e da sua viagem de retorno, muitas são as situações novas que me deixaram ou a sorrir ou a verter lágrimas, e é isto que pretendo sentir quando me desloco ao cinema.
Água;
Cenários incríveis;
História desenvolve-se muito bem;
Personagens interessantes;
Criatividade;
Família à Disney, o que torna depois a história muito previsível.