“Ellcrys”
O último episódio da primeira temporada de As Crónicas de Shannara foi completamente uma surpresa para mim – e tenho em crer que para a maioria dos telespectadores. Apesar de gostar da ideia da série, e desta ter tido uma evolução interessante ao longo dos 9 episódios anteriores, a verdade é que por tentarem apressar tanto as coisas, os eventos e personagens perderam, necessariamente, profundidade, o que torna tudo um bocado desinteressante, e estava a tornar-se enfadonho assistir aos episódios. E mesmo os aspectos mais demoníacos da história não estavam a conseguir apimentar as coisas. Este último episódio veio alterar um pouco este cenário!
É verdade que mais do que nunca, sentimos neste episódio que fizeram os acontecimentos correr depressa demais. Demais, porque milhentas coisas aparecem e desaparecem sem qualquer contexto, são empregues palavras e nomes que o público não faz patavina do que sejam, e sendo assim, mais valia não estarem incluídas no guião. MAS, ao mesmo tempo, foram vários os acontecimentos inesperados – e dramáticos, por falta de palavra mais dramática.
O episódio começa com uma cena estilo “sonho”, em que a Amberle conversa com uma manifestação da Ellcrys. Esta cena teve como objectivo informar os telespectadores que a única forma de parar o exército do Dagda Mor era a princesa sacrificar-se a ela própria. A cena foi curta demais para a sua importância (se chegou a um minuto já foi muito), e não foi tão clara quanto devia ter sido. Em teoria, estávamos a alterar o destino da personagem (ou o que pensávamos que seria, até ali), mas foi tão corrido que não se percebeu quase nada do que foi dito. Eu, pelo menos, só confirmei o que me pareceu que tinha sido transmitido em cenas posteriores, onde a Amberle explicou ao Will.
A segunda surpresa veio com o destino de Eretria, que de repente, e num acto de heroísmo e também de auto-sacrifício, para salvar os dois amigos encurrala-se a ela própria para lutar com um grupo de trolls e impedir de os perseguir. Se sobrevive ou não, é um dos enigmas com que somos deixados para a próxima temporada (se houver). A julgar pelo número de trolls, o seu tamanho e violência, eu diria que seria difícil ela sobreviver, e até estava a gostar da personagem, que quase nem teve direito a aparecer no episódio final. Mas talvez tenha sido porque precisavam de a tirar de cena para a terceira surpresa.
A Amberle e o Will, depois de escaparem dessa gruta, e supostamente cheios de pressa para chegar à Ellcrys antes do exército do Dagda Mor, ainda têm tempo e disponibilidade mental para um momento de sexo tórrido! Está-se mesmo a ver que vinha completamente a propósito… Enfim.
O exército do Dagda Mor chega às portas do palácio, e somos presenteados com alguma sequências de batalha entre o exército elfo-gnome contra o dos zombies, que até acho que ficaram bem feitas. Pelo meio, ainda vemos a versão zombie do príncipe Arion, que teve a sua piada. No fim, o Will e a Amberle conseguem salvar o dia com a ajuda do quase-omnipresente Allanon! E depois segue-se uma emoção pegada quando o casal de retrata os últimos momentos do seu relacionamento. Para ser franca, também não acho que fizesse sentido tanto dramatismo. Não se conheciam assim há tanto tempo, muito menos tinham uma “relação” assim há tanto tempo. Mas foi neste dramatismo que se apoiaram para o episódio despertar as emoções dos telespectadores.
No geral, “Ellcrys” não foi melhor nem pior que os restantes episódios da temporada. Misturou os pontos-fortes de episódios mais dinâmicos como “Changeling” ou “Pykon” com alguma parolada tipo “Utopia”, mas fechou a história, vá, com um “Satisfaz”. Embora a MTV não tenha ainda anunciado uma segunda temporada, o episódio final deixa pontas soltas no enredo suficientes para uma continuação potencial dos acontecimentos, sendo uma das principais o Bandon, que parece estar a preparar-se como o próximo vilão da série. Outra será o duo Will e Eretria – que, presumivelmente, ainda faz parte da história.