Para o ano estreia em Portugal Victor Frankenstein – depois de vários meses da sua estreia no Estados Unidos –, uma muito leve adaptação do clássico livro de terror de Mary Shelley sobre um cientista que descobre o segredo para criar a centelha da vida, e usa-a com efeitos desastrosos. O novo filme, realizado por Paul McGuigan – cujo último filme foi em 2009 com o mal recebido Push – Os poderosos, tendo apenas realizado episódios de séries de televisão desde então – com um guião de Max Landis (American Ultra: Agentes Improváveis) é contado da perspetiva de Igor, o assistente de laboratório de Frankenstein, que foi apresentado ao mito de Frankenstein numa das adaptações cinematográficas anteriores.
Daniel Radcliffe (Harry Potter) interpreta Igor enquanto James McAvoy (X-Men: Apocalipse) fica com o papel do obsessivo cientista. Os dois já falaram sobre a enorme amizade entre as suas personagens, enquanto o produtor executivo Derek Dauchy descreveu o filme como tendo uma significante sensação de modernidade, apesar de se passar em 1860s.
É óbvio pelo trailer que esta mais recente versão é um pouco diferente da originalmente imaginada por Shelley – misturar terror com partes iguais de aventura e comédia de amigos. Excêntrico é uma palavra que dá para descrever este filme e a mesma não é de todo aplicável ao livro de Shelley.
Mas de acordo com McGuigan, no entanto, a história de Frankenstein estava realmente a precisar de uma nova vida:
Nós damos muito de passado a ele. E é o nosso passado, é o que escolhemos inventar. Não há uma reverência ao livro. Eu acho que por vezes as pessoas são demasiado reverentes acerca do livro. Tem uma premissa fantástica, eu não sei se alguma vez o leste, mas é aborrecido como água de lavar a louça, na minha opinião.
O guião de Landis agarra na «fantástica premissa» de Shelley e tenta melhorá-la ao atirar à mistura Igor, um palhaço de circo deformado que tem secretamente dons intelectuais, e é resgatado da sua triste vida por Victor. O filme também adiciona um interesse amoroso de Igor na forma de Lorelei, uma artista de trapézio interpretada por Jessica Brown Findlay.
Frankenstein ou o Moderno Prometeu tem a honra de ser uma das primeiras histórias de terror alguma vez transformadas em filme, na forma de uma curta-metragem de 16 minutos da Edison Studios. Mas talvez a versão cinematográfica mais conhecida até à data seja a adaptação de James Whale em 1931, que também inventou a personagem do assistente corcunda de Frankenstein – na altura chamado Fritz e não Igor. O Monstro de Frankenstein tornou-se desde então um ícone da cultura popular, o que torna fazer algo de novo com a personagem e o seu criador ainda mais difícil.
Para McGuigan, Igor e a sua relação com Victor era o ingrediente secreto:
Estamos muito mais a atacar isto da perspetiva de uma personagem, mas tem muita ação para valer o vosso dinheiro. Ao mesmo tempo é muito uma peça de personagem. Para mim, isso é o que adorei, a interação entre estas duas personagens que eu nunca ouvi dizer nada mais do que ‘está vivo!’ ou ‘puxa a alavanca’ e é só. Então o passado ajuda-te a perceber e talvez até entender emocionalmente o que é tão atrativo para eles na ciência.
Apesar de alguns fãs de terror possam perder a cabeça com a caracterização de McGuigan do livro de Shelley, ele não parece muito preocupado com a possibilidade de aborrecer os entusiastas de Frankenstein, dizendo «O meu slogan é sempre ‘se adoras o livro vais odiar o filme.’»
Infelizmente para Victor Frankenstein, parece que muitos críticos adoram o livro – só tem 24% no Rotten Tomatoes –, tal como as audiências em geral – desde a sua estreia nos Estados Unidos na quarta-feira o filme só fez cerca de um milhão nas bilheteiras, com uma estimativa de apenas uns meros 4-5 milhões no seu primeiro fim-de-semana, um horror comparado com o seu orçamento de 40 milhões.
Talvez o facto de que a data de estreia original do filme deveria ter sido em Outubro de 2014 e tem vindo a ser adiado até ao fim 2015 fosse o primeiro indício da sua qualidade.
Victor Frankenstein chega às salas Portuguesas a 18 de Fevereiro de 2016.
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